Prefeito restaura censura em Salvador - Revista Metrópole
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tampado na testa. Um exercício<br />
de pura imaginação, pois<br />
apenas um código de barras<br />
ilustrava a imag<strong>em</strong> da capa,<br />
b<strong>em</strong> como uma mancha vermelha<br />
que foi identificada<br />
como um nariz de palhaço.<br />
Para muitos ouvintes que ligaram<br />
para a 101.3 FM para<br />
protestar contra o ato de cen-<br />
sura, as alegações do prefeito<br />
soaram como uma confissão<br />
de culpa. “Nariz de palhaço,<br />
símbolo da Besta na testa?!<br />
Pra mim o prefeito vestiu a<br />
carapuça”, resumiu a ouvinte<br />
Bernadete Novaes.<br />
Outra alucinação do prefeito<br />
com relação à capa da<br />
edição número 1 foi enxergar<br />
um punhal nas mãos do personag<strong>em</strong><br />
da ilustração. “Não há<br />
punhal algum. E é novidade<br />
para mim que o código de barras<br />
simbolize a Besta do Apocalipse”,<br />
afirmou o jornalista<br />
Ricardo Noblat, ao comentar<br />
a <strong>censura</strong> <strong>em</strong> seu blog, um dos<br />
mais lidos do País.<br />
Se a cassação dos outdoors<br />
da revista já havia sido<br />
noticiada nacionalmente, a<br />
<strong>censura</strong> imposta ao Grupo<br />
<strong>Metrópole</strong> virou notícia internacional.<br />
O site mundial<br />
da organização Reporteros<br />
Sin Fronteras, que denuncia<br />
atentados à liberdade de<br />
imprensa <strong>em</strong> todo o mundo,<br />
deu destaque à tentativa do<br />
prefeito de calar a <strong>Metrópole</strong>.<br />
O assunto também foi<br />
notícia na Folha de S.Paulo,<br />
que dedicou duas matérias<br />
sobre o assunto. No blog dos<br />
jornalistas Cláudio Humberto<br />
e Chico Bruno, no site<br />
da Veja, todos os jornais lo-<br />
cais e os noticiários da TV<br />
Bahia, a de maior audiência<br />
no Estado, também destacaram<br />
o assunto.<br />
A decisão da juíza de acatar<br />
a <strong>censura</strong> solicitada por João<br />
Henrique ao Grupo <strong>Metrópole</strong><br />
provocou reações e manifestações<br />
de apoio à rádio e<br />
à revista de todo o Pais. Políticos,<br />
jornalistas, <strong>em</strong>presários<br />
e representantes das mais<br />
diversas entidades, como Ord<strong>em</strong><br />
dos Advogados do Brasil<br />
(OAB) e Federação Nacional<br />
dos Jornais (Fenaj), ligaram ou<br />
escreveram para a <strong>Metrópole</strong>,<br />
d<strong>em</strong>onstrando o descontentamento<br />
com a decisão judicial.<br />
O presidente da seção baiana<br />
da OAB, Saul Quadros, afirmou<br />
que a <strong>censura</strong> imposta<br />
pela juíza era “um ex<strong>em</strong>plo<br />
que não pode ser seguido pela<br />
magistratura brasileira, por se<br />
tratar de um ato próprio dos<br />
regimes ditatoriais”.<br />
O jornalista Samuel Ce-<br />
lestino, presidente da Associação<br />
Bahiana de Imprensa<br />
(ABI), chegou a afirmar <strong>em</strong><br />
sua coluna ao comentar a <strong>censura</strong>:<br />
“A justiça baiana (com<br />
‘j’ minúsculo mesmo) extrapola.<br />
Para pior”. O blogueiro<br />
David Zilbersztajn, do portal<br />
Globo.com, foi mais além <strong>em</strong><br />
sua crítica à juíza Silvia Lúcia<br />
Bonifácio. “Na hora que um<br />
m<strong>em</strong>bro do Poder Judiciário<br />
começa a se manifestar sobre<br />
o que é e o que não é necessário<br />
para informar ou atender<br />
ao interesse público, estamos<br />
fritos”, afirmou. E completou:<br />
“Estou torcendo para que, na<br />
apelação, esta juíza tome um<br />
pito e um puxão de orelha de<br />
um des<strong>em</strong>bargador”.<br />
Os anseios de Zilbersztajn<br />
– e de todos os que prezam<br />
pela liberdade de expressão –<br />
foram atendidos. Na tarde do<br />
dia 25 de junho, o des<strong>em</strong>bargador<br />
José Olegário Monção<br />
Caldas acatou o agravo de instrumento<br />
impetrado contra a<br />
liminar da juíza da 2ª Vara<br />
Cível da capital e libertou da<br />
<strong>censura</strong> os veículos de comunicação<br />
do Grupo <strong>Metrópole</strong>.<br />
Para basear sua decisão, o des<strong>em</strong>bargador<br />
apelou para a Lei<br />
de Imprensa e para a Constituição<br />
Federal, que disciplina<br />
a questão da garantia ao direito<br />
à liberdade. “O artigo 220<br />
expressamente determina que<br />
a manifestação do pensamento,<br />
a criação, a expressão e a<br />
informação, sob qualquer for-<br />
ma, processo ou veículo não<br />
sofreram qualquer restrição”,<br />
explica José Olegário.<br />
O des<strong>em</strong>bargador destacou<br />
ainda que a <strong>Metrópole</strong>, <strong>em</strong><br />
todos os momentos <strong>em</strong> que<br />
se referiu ao prefeito, “apenas<br />
transmitiu notícia e crítica,<br />
que, gize-se, possui conotação<br />
<strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente de interesse<br />
público”. Acrescentando<br />
que, <strong>em</strong> nenhum momento,<br />
viu ter ocorrido individualização<br />
da pessoa física que<br />
exerce o cargo criticado - no<br />
caso, o prefeito. José Olegário<br />
ainda citou Ruy Barbosa para<br />
justificar sua decisão: “Queiram<br />
ou não queiram, os que<br />
se consagram à vida pública,<br />
até a sua vida particular deram<br />
paredes de vidro”. •<br />
6 <strong>Revista</strong> <strong>Metrópole</strong> - julho de 2007 7<br />
notas da <strong>Metrópole</strong><br />
Comigo não<br />
Quadros do DEM <strong>em</strong><br />
<strong>Salvador</strong> avaliam que o<br />
partido poderia apoiar a<br />
candidatura do tucano<br />
Antônio Imbassahy à<br />
sucessão municipal. Poderia,<br />
se não fosse a aversão que<br />
o deputado federal Jutahy<br />
Magalhães t<strong>em</strong> a alianças com<br />
o carlismo. Esse asco pode<br />
custar ao PSDB o Palácio<br />
Tomé de Souza.<br />
Vice<br />
Os 57 dias de paralisação dos<br />
professores da rede estadual neste<br />
primeiro ano do governo Wagner<br />
fez desta a segunda mais longa<br />
greve na história da categoria. O<br />
movimento deste ano bateu os<br />
50 dias que a categoria paralisou<br />
as atividades no primeiro ano<br />
do governo Waldir Pires e ficou<br />
a apenas três dias do recorde<br />
de 60 dias da greve ocorrida no<br />
governo João Durval.<br />
Nos pontos de ônibus e nas<br />
sinaleiras a procura pela<br />
revista foi intensa<br />
Ruim e ordinário<br />
“Mário, você aproveitou a<br />
publicidade gratuita que João<br />
Henrique fez pra fazer barulho<br />
<strong>em</strong> torno de um produtinho<br />
ruim e ordinário. Muito fraco<br />
esse negócio!” Frase de um<br />
ouvinte da <strong>Metrópole</strong>, que expôs<br />
no ar sua opinião sobre a revista.<br />
Valter Pontes<br />
Valter Pontes