um abolicionista da plebe ^ A globalização vem d - Centro de ...
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Quinzena N 0 259-31/10/97 16 Movimento Popular<br />
Doc<strong>um</strong>ento - 1997<br />
O que é chamado pela midia comer<br />
ciai <strong>de</strong> cultura, nós chamamos <strong>de</strong><br />
cultura enlata<strong>da</strong>. Ou seja, aquela séne<br />
<strong>de</strong> comportamentos prontos para serem<br />
cons<strong>um</strong>idos pela população. O compor-<br />
tamento <strong>de</strong> usar <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> tê-<br />
nis, assistir este ou aquele filme, frequai-<br />
tar aquela específica <strong>da</strong>nceteria, ouvir<br />
este ou aquele estilo musical. Enfim,<br />
correspon<strong>de</strong>r com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> as diver-<br />
sas mo<strong>da</strong>s existentes, os diversos gos-<br />
tos existentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que todos sejam <strong>de</strong><br />
alg<strong>um</strong>a forma aceitos pelo sistema capi-<br />
talista, isso, para nós não é cultura.<br />
Cultura é, entre tantas outras coisas<br />
a preservação <strong>de</strong> valores dos diferentes<br />
povos existentes e não simplesmente a<br />
reciclagem do cons<strong>um</strong>ismo exacerbado<br />
e insensato, sob <strong>um</strong>a tentativa quase<br />
sempre vitoriosa <strong>de</strong> transformar o ci<strong>da</strong>-<br />
dão em <strong>um</strong> boneco camaleão que se<br />
a<strong>de</strong>qua as diferentes imposições <strong>da</strong> mo<strong>da</strong><br />
e dos cost<strong>um</strong>es pré-<strong>de</strong>fínidos.<br />
Preservar também é fazer com que o<br />
ci<strong>da</strong>dão mantenha posições e não tomar-<br />
se <strong>um</strong> ser maleável que hoje <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />
coisa e no dia <strong>de</strong> amanhã estará <strong>de</strong>fen-<br />
<strong>da</strong>ido outra sem o menor saiso <strong>de</strong> avali-<br />
ação. Não preservar é exatamente o que<br />
o sistema através <strong>da</strong> midia faz, em outras<br />
palavras, tira a cultura do ci<strong>da</strong>dão.<br />
A chama<strong>da</strong> cultura enlata<strong>da</strong> é<strong>um</strong> dos<br />
gran<strong>de</strong>s alicerces do sistema, porque<br />
nela está conti<strong>da</strong>: os lugares mais alie-<br />
nados, músicas sem conteúdo social <strong>de</strong><br />
contestação, os filmes recheados <strong>de</strong><br />
"mocinhos e bandidos", as roupas padro-<br />
niza<strong>da</strong>s que o povo veste, os pensamen-<br />
tos mais ridículos insconscientemente<br />
<strong>de</strong>fendidos pela população, os ídolos, as<br />
lanchonetes, até mesmo os esportes,<br />
aifim <strong>um</strong> cotidiano preparado para a ali-<br />
enação <strong>de</strong> to<strong>da</strong> <strong>um</strong>a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, que na<br />
ocorrência dos fatos é extremamente<br />
viola<strong>da</strong> pelo sistema, mas que no âmago<br />
do sofrimento não consegue se rebelar<br />
Engana-se quem pensa que a mani-<br />
pulação <strong>da</strong> mídia só acontece nos jor-<br />
nais, noticiários, e nas opiniões dos co-<br />
mentaristas serviçais do sistema. Pelo<br />
contrário ela acontece no dia a dia quan-<br />
O alicerce <strong>da</strong> rádio comunitária<br />
é a cultura<br />
Cláudio Camundonso*<br />
do a mídia cria <strong>um</strong>a vitrine <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o<br />
diante dos olhos <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a população.<br />
Ação e reação, <strong>de</strong>ssa forma alimenta<br />
<strong>de</strong>ntro do sistema a disputa por bens<br />
materiais, nem que para isso irmãos te-<br />
nham que passar a perna em irmãos, dis-<br />
putar cargos, puxar tapetes, aifim subir<br />
na vi<strong>da</strong> pela ótica do sistema capitalista,<br />
e no processo final, ter recursos para<br />
cons<strong>um</strong>ir tudo o que ostenta aquela vitri-<br />
ne chama<strong>da</strong> mídia.<br />
Muitas pessoas engaja<strong>da</strong>s na luta <strong>da</strong>s<br />
rádios comunitárias, tem em sua essàicia<br />
to<strong>da</strong> essa clareza, no aitanto fatidicamaite<br />
não conseguem <strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong>a linha<br />
lógica que traga resultados práticos para<br />
o veículo. Se aiten<strong>de</strong>rmos que a base <strong>da</strong>s<br />
rádios comunitárias éto<strong>da</strong> essa cultura que<br />
está inibi<strong>da</strong> pelo sistema, aitão entai<strong>de</strong>-<br />
remos <strong>de</strong>finitivamente como fazer acon-<br />
tecer a <strong>de</strong>mocratização <strong>da</strong> comunicação<br />
pelas vias <strong>da</strong>s rádios <strong>de</strong> baixa potàicia.<br />
Mas, se usannos as rádios comunitárias<br />
para fazer discursos políticos contra o sis-<br />
tema, estaremos, como já foi dito, fazai-<br />
do rádio para nós mesmos.<br />
Constniir as rádios comunitánas à par-<br />
tir<strong>de</strong><strong>um</strong>a discussão cultural égarantiradi-<br />
anta<strong>da</strong>maite o sucesso do projeto. Dessa<br />
fomia estaremos combataido o câncer do<br />
sistema com <strong>um</strong> ranédio mais eficaz.<br />
Para que as rádios comunitánas tor-<br />
nem-se no futuro veículos com o po<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> formar opinião, elas <strong>de</strong><strong>vem</strong> ao menos<br />
terem conquistado a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> qual<br />
se dispôs a atuar e preparar to<strong>da</strong> <strong>um</strong>a<br />
conjuntura para a aceitação <strong>da</strong>s idéias<br />
discuti<strong>da</strong>s. Não estamos brincando com<br />
<strong>um</strong> sistema que não sabe o que faz e que<br />
acabou por culminar nessa alienação<br />
geral. Pelo contrário, a mídia éinteligen-<br />
tíssima e tudo o que foi feito na cabeça<br />
do ci<strong>da</strong>dão foi propositalmente, no exer-<br />
cício <strong>da</strong> função <strong>de</strong> alienar.<br />
Acontece hoje em dia, pelas mãos <strong>de</strong><br />
companheiros do movimento popular <strong>um</strong><br />
erro gravíssimo, achar que a rádio co-<br />
munitária é <strong>um</strong> caminhão <strong>de</strong> som com<br />
<strong>um</strong>a antena espeta<strong>da</strong> em cima. Equivo-<br />
cam-se porque o momento em que faze-<br />
mos isto estamos subestimando a inteli-<br />
gência do inimigo. E ele mais do que nin-<br />
guém sabe as formas <strong>de</strong> utilização do<br />
rádio.<br />
Por exemplo, n<strong>um</strong>a campanha salan-<br />
al na porta <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>da</strong>ermina<strong>da</strong> fábrica o<br />
sindicato utiliza-se do caminhão <strong>de</strong> som,<br />
primeiro tocando alg<strong>um</strong>a música geralmai-<br />
te <strong>de</strong> agrado do operário, para <strong>de</strong>pois ini-<br />
ciar a séne <strong>de</strong> discursos referentes a cam-<br />
panha. Para o resultado que se <strong>de</strong>stina a<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o máodo utilizado está correto<br />
No aitanto, existem pessoas que se ba-<br />
seiam nessa fonna e acham que as rádi-<br />
os comunitárias se emanciparão assim.<br />
Pnmeiro tocando qualquer música popu-<br />
lar, para <strong>de</strong>pois discursar contra o siste-<br />
ma no microfone <strong>da</strong> rádio, tentando <strong>de</strong><br />
alg<strong>um</strong>a forma imitar o processo<br />
seqüencial do caminhão <strong>de</strong> som.<br />
Para que consigamos resultados<br />
satisfatórios com as rádios comunitárias<br />
muito se <strong>de</strong>ve fazer. E a primeira pon<strong>de</strong>-<br />
ração é garantir que a rádio tenha <strong>um</strong><br />
caráter extremamente cultural. Analisan-<br />
do músicas, criando formas <strong>de</strong> partici-<br />
pação dos ouvintes, arg<strong>um</strong>entando com<br />
inteligência e tomando cui<strong>da</strong>do para não<br />
assustai" o público, conquistando terreno<br />
nos fóruns culturais do bairro, buscando<br />
<strong>da</strong>r total espaço aos compositores regio-<br />
nais e nunca impondo regras que<br />
serceiem a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />
E veja, que <strong>de</strong>bater a radio cultural-<br />
mente não significa estar contra <strong>um</strong> perfil<br />
político do projeto, á partir do momento<br />
em que ela se posiciona contrariamente<br />
ao sistema automaticamaite ela ass<strong>um</strong>e<br />
a característica natural <strong>da</strong> contestação.<br />
Alguns problemas comuns acontecem<br />
nos projetos que estão iniciando as suas<br />
programações, isso porque nas melho-<br />
res <strong>da</strong>s intenções tenta se contemplar<br />
<strong>um</strong>a gra<strong>de</strong> distribuí<strong>da</strong> para todos os mo-<br />
vimentos políticos e culturais <strong>da</strong> região<br />
São problemas <strong>de</strong>correntes pnncipalmai-<br />
te <strong>da</strong> conceituação <strong>de</strong> gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> progra-<br />
mação comunitária.<br />
A composição dos horários dos pro-<br />
gramas geralmente são feitos á partir <strong>da</strong><br />
ótica <strong>de</strong> distribuir para os diversos movi-<br />
mentos liaados a radio n<strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado<br />
Temos que lutar para mu<strong>da</strong>r o mundo.<br />
Depois disso temos que mu<strong>da</strong>r o mundo mu<strong>da</strong>do 1