Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
mata. Tarzan quebrou um pequeno galho e o estalido fez parar instantaneamente<br />
o vulto, donde se destacaram projeta<strong>da</strong>s para diante duas enormes<br />
orelhas, enquanto a longa tromba se agitava no ar, procurando farejar o<br />
cheiro de algum inimigo e dois olh<strong>os</strong> pequen<strong>os</strong> e lânguid<strong>os</strong> perscrutavam<br />
debalde as circunvizinhanças à procura do causador <strong>da</strong>quele estranho ruído,<br />
que tão desagra<strong>da</strong>velmente interrompera a tranqüili<strong>da</strong>de do seu passeio.<br />
Tarzan deu uma gargalha<strong>da</strong> e debruçando-se bem por sobre a cabeça<br />
do paquiderme, gritou-lhe do alto <strong>da</strong> árvore:<br />
— Tantor! Tantor! Bara, a corça, é men<strong>os</strong> medr<strong>os</strong>a que você. O gigante<br />
<strong>da</strong> <strong>selva</strong>, como você, Tantor, que é tão forte quanto tant<strong>os</strong> Numas<br />
junt<strong>os</strong>, como <strong>os</strong> meus ded<strong>os</strong> d<strong>os</strong> pés e <strong>da</strong>s mã<strong>os</strong>, você, o elefante, capaz de<br />
arrancar grandes árvores, fica a tremer de medo com o ruído de um quebrar<br />
de galho.<br />
Um ronco surdo que podia ser um sinal de desprezo ou um suspiro<br />
de alívio, foi a única resp<strong>os</strong>ta do elefante. O paquiderme voltara à calma.<br />
E tranqüilo sobre a causa do incidente, deixou cair a tromba, encolheu as<br />
orelhas e abaixou a cau<strong>da</strong>. Mas <strong>os</strong> seus olh<strong>os</strong> ain<strong>da</strong> procuravam Tarzan.<br />
Não precisou, entretanto, muito tempo para saber onde ele estava porque o<br />
rapaz, em um segundo, se precipitava <strong>da</strong> árvore sobre a larga cabeça do seu<br />
velho amigo. Esticando-se sobre o dorso do elefante com <strong>os</strong> pés firmad<strong>os</strong><br />
sobre <strong>os</strong> seus flanc<strong>os</strong> e acariciando com as mã<strong>os</strong> o couro mais macio por<br />
baixo <strong>da</strong>s suas grandes orelhas, Tarzan começou a contar ao paquiderme<br />
as notícias <strong>da</strong> <strong>selva</strong> como se ele pudesse entender to<strong>da</strong>s as suas palavras.<br />
Sem dúvi<strong>da</strong> Tantor entendia muita coisa do que lhe ia dizendo, mas<br />
quem o visse a piscar <strong>os</strong> olh<strong>os</strong> e a <strong>os</strong>cilar vagar<strong>os</strong>amente a tromba, diria que<br />
ele estava apreciando com a maior atenção to<strong>da</strong>s as palavras do homemmacaco.<br />
A ver<strong>da</strong>de era que o elefante manifestava por aquela forma o prazer<br />
que lhe causavam as carícias que o rapaz lhe fazia às orelhas e a sonori<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> voz a que ele se habituara, desde que Tarzan, ain<strong>da</strong> criança, saltara<br />
uma vez, destemido, ao dorso <strong>da</strong> grande belonave <strong>da</strong> floresta, m<strong>os</strong>trando-<br />
-lhe a mesma cordiali<strong>da</strong>de que o paquiderme também espontaneamente<br />
sentira pelo menino.<br />
No correr d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> Tarzan descobrira p<strong>os</strong>suir um inexplicável poder<br />
de governar e dirigir o seu poder<strong>os</strong>o amigo. Onde se encontrasse e desde<br />
que a<strong>os</strong> seus ouvid<strong>os</strong> aguçad<strong>os</strong> chegavam <strong>os</strong> grit<strong>os</strong> de Tarzan a chamá-lo,<br />
Tantor imediatamente obedecia e apressava-se a ir encontrar o homemmacaco.<br />
E quando este montava à sua formidável cabeça, o paquiderme<br />
documente tomava a direção que Tarzan lhe ordenava. Era o poder do es-<br />
26