Teoria do Conhecimento d02 - Acervo Digital da Unesp
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ficha sumário bibliografia<br />
tema 2<br />
sáveis, mesmo se, ao final, forem ver<strong>da</strong>deiras. Tomemos o exemplo <strong>da</strong> asserção “Vai chover<br />
amanhã”. Se isso for dito sem o devi<strong>do</strong> fun<strong>da</strong>mento, não levaremos a frase em consideração,<br />
<strong>da</strong> mesma forma que não nos perturbaremos com o enuncia<strong>do</strong> “O mun<strong>do</strong> acabará no dia 18<br />
de novembro de 2012”, caso não haja a respectiva sustentação. Fica patente, então, a importância<br />
<strong>da</strong> pergunta: O que justifica nossas crenças? O que seria suficiente alegar para que a mera<br />
impressão, opinião sem compromisso de alguém, mereça aceitação universal e se transforme<br />
em conhecimento?<br />
No dia-a-dia, muitas pessoas lançam mão de diversos procedimentos para sustentar suas<br />
próprias opiniões. Um <strong>do</strong>s mais freqüentes é o de ver para crer – o popular teste de São Tomé.<br />
Como se sabe, em passagem bíblica constante <strong>do</strong> Novo Testamento, um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ze apóstolos,<br />
Tomé, afirmou que só acreditaria na ressurreição de Cristo se visse e tocasse o corpo ressurreto<br />
e as chagas abertas pelos cravos <strong>da</strong> crucificação. A ideia conti<strong>da</strong> nesse “teste” é a de que<br />
devemos checar nossas expectativas pela observação. E, de fato, to<strong>do</strong>s nós, diariamente, utilizamos<br />
esse processo para aferir nossas crenças. Quantas vezes não abrimos uma janela para saber<br />
se está choven<strong>do</strong> ou fazen<strong>do</strong> sol, se faz frio ou calor? E o mesmo acontece com várias outras<br />
expectativas que, por si sós, sem o devi<strong>do</strong> apoio observacional, não mereceriam adesão. Esse é o<br />
procedimento, à primeira vista, admiti<strong>do</strong> sem reservas pelo senso comum. Como sustentar que<br />
a Ana Luíza tem olhos verdes? Observan<strong>do</strong> a cor de seus olhos. Como saber (isto é, conhecer<br />
o fato, justificar a crença) que existe um mico-leão <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> no setor 5 <strong>da</strong> reserva de Boracéia?<br />
Verifican<strong>do</strong>, por observações, que ele está lá. Como saber que certo remédio <strong>da</strong>rá conta de uma<br />
<strong>do</strong>ença? Observan<strong>do</strong> o efeito que exerce sobre os pacientes que o utilizam. Em to<strong>do</strong>s esses casos,<br />
é patente que empregamos a observação extensivamente e quase inconscientemente para<br />
amparar nossas crenças diárias.<br />
Podemos complicar um pouco essa admissão despreocupa<strong>da</strong> <strong>do</strong> papel <strong>da</strong> observação na<br />
fun<strong>da</strong>mentação de nossas opiniões. A primeira complicação importante é a de que não estamos<br />
consideran<strong>do</strong> apenas a observação visual. Analisemos um pouco essa afirmação. Quan<strong>do</strong><br />
São Tomé exige tocar as chagas de Cristo para crer na Ressurreição, ele não pensa no aspecto<br />
visual, mas tátil. Os deficientes visuais podem fazer, e fazem, ‘observações’ to<strong>do</strong>s os dias, caso<br />
consideremos que as aferições táteis ou auditivas, por exemplo, devam ser também classifica<strong>da</strong>s<br />
como observações. Nesse senti<strong>do</strong>, mais acura<strong>do</strong> é afirmar que fazemos aferições, constatações,<br />
sensoriais, nas quais to<strong>do</strong>s os cinco senti<strong>do</strong>s – e não apenas a visão - são emprega<strong>do</strong>s para<br />
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TEMAS<br />
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<strong>Unesp</strong>/Redefor • Módulo I • Disciplina 02