Teoria do Conhecimento d02 - Acervo Digital da Unesp
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ficha sumário bibliografia<br />
tema 2<br />
a sustentação de nossas opiniões. Sabemos que uma comi<strong>da</strong> está queima<strong>da</strong> ou estraga<strong>da</strong> pelo<br />
pala<strong>da</strong>r ou pelo olfato; que o tempo está frio, pelo tato; vários diagnósticos clínicos, como os<br />
obti<strong>do</strong>s pelo exame com um estetoscópio, são fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong>s na audição. Em to<strong>do</strong>s esses casos,<br />
e numa infini<strong>da</strong>de de outros, estamos fazen<strong>do</strong> observações sensoriais, e não apenas visuais,<br />
que levam à sustentação ou rejeição de crenças ou opiniões.<br />
Em segun<strong>do</strong> lugar, além <strong>do</strong> alerta de que não nos limitamos a observações visuais, é também<br />
importante lembrar que, na grande maioria <strong>da</strong>s vezes, fun<strong>da</strong>mentamos nossas crenças<br />
em observações mesmo que não sejamos pessoalmente responsáveis pela observação que está<br />
sen<strong>do</strong> considera<strong>da</strong>. Muitas vezes levamos em conta a observação de terceiros para sustentar<br />
nossas afirmações. Fatos históricos, por exemplo, tipicamente preenchem esse perfil: se hoje<br />
sabemos que a família real portuguesa chegou ao Brasil em 1808, isso se deve a relatos de contemporâneos<br />
<strong>do</strong> evento, relatos que merecem nossa atenção posto que foram presumivelmente<br />
feitas por observa<strong>do</strong>res originalmente bem localiza<strong>do</strong>s que, por sua vez, deram a base observacional<br />
para o relato de terceiros que, afinal, chegou até nós. Mas não é necessário pensar<br />
no saber historiográfico para evidenciar a importância <strong>da</strong> observação de terceiros. Qualquer<br />
noticiário de televisão ou de rádio atesta isso to<strong>do</strong>s os dias: acreditamos na existência de um<br />
terremoto no Chile mesmo que não o tenhamos presencia<strong>do</strong>. Essa dependência que temos <strong>da</strong>s<br />
observações feitas por outros não se circunscreve ao jornalista, ao médico ou a especialistas de<br />
algum tipo. De fato, é muito comum acreditarmos até mesmo no relato de desconheci<strong>do</strong>s que<br />
nos transmitem informações: quan<strong>do</strong> alguém nos diz que horas são, usualmente achamos isso<br />
suficiente e desenvolvemos nossas ações sobre essa base. Conclui-se, como dissemos, que as<br />
observações de terceiros são comumente fun<strong>da</strong>mentais para a sustentação de nossas opiniões,<br />
e boa parte <strong>da</strong>quilo que argumentamos adquire sua força por meio de observações vivencia<strong>da</strong>s<br />
por pessoas que não conhecemos e nem conheceremos. Mas o que é relevante salientar neste<br />
contexto é que mesmo essa fun<strong>da</strong>mentação indireta de opiniões continua sen<strong>do</strong> basea<strong>da</strong> em<br />
observações, embora sejam elas indiretas, isto é, realiza<strong>da</strong>s por outros: tanto quanto a sustentação<br />
deriva<strong>da</strong> de nossas observações diretas, esse também é um exemplo de legítima sustentação<br />
observacional.<br />
To<strong>do</strong>s os tipos de observação lista<strong>do</strong>s – seja ela direta ou indireta; visual ou não – podem<br />
ser eficazes para a sustentação de nossas crenças e, em princípio, desempenhar papel saudável<br />
nesse processo. Normalmente, observações são instrumentos úteis para que afastemos cren-<br />
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TEMAS<br />
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<strong>Unesp</strong>/Redefor • Módulo I • Disciplina 02