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Teoria do Conhecimento d02 - Acervo Digital da Unesp

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ficha sumário bibliografia<br />

tema 3<br />

Em oposição a Popper, Hanson (1963, 1965), apoian<strong>do</strong>-se nas idéias de Peirce sobre a<br />

lógica <strong>do</strong>s processos criativos, ressalta a distinção entre razões para sugerir uma nova hipótese<br />

(como uma possível solução para um determina<strong>do</strong> problema) e motivações que levam um<br />

indivíduo a escolher estratégias específicas para resolver tal problema. Conforme apontam<br />

Gonzalez e Haselager (2002):<br />

Motivações, diferentemente <strong>da</strong>s razões para propor uma idéia, não são suscetíveis<br />

de análise lógica, porque elas envolvem elementos subjetivos, preferências e gostos<br />

que refletem a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> nossa história cultural, instancia<strong>da</strong> diferentemente<br />

em indivíduos distintos. Sem ignorar a relevância <strong>da</strong>s motivações nos processos de<br />

criação, Peirce e Hanson focalizaram sua análise no elemento racional subjacente à<br />

criativi<strong>da</strong>de (p. 23).<br />

Na perspectiva <strong>da</strong> lógica <strong>da</strong> descoberta proposta por Peirce e Hanson, o processo de geração<br />

de hipóteses explicativas oscila entre crenças, alicerça<strong>da</strong>s em leis gerais bem estabeleci<strong>da</strong>s, e<br />

dúvi<strong>da</strong>s ou surpresas que as abalam. As surpresas, segun<strong>do</strong> Peirce, podem ser ativas ou passivas.<br />

As primeiras ocorrem (...) quan<strong>do</strong> aquilo que se percebe conflita positivamente com as expectativas;<br />

as surpresas passivas ocorrem (...) quan<strong>do</strong>, não haven<strong>do</strong> nenhuma expectativa positiva (...), algo<br />

inespera<strong>do</strong> acontece, tal como um eclipse total <strong>do</strong> sol que não havia si<strong>do</strong> previsto. (Collected Papers,<br />

volume 8, §315)<br />

Como indicamos, a surpresa produzi<strong>da</strong> pela percepção de uma anomalia constitui o primeiro<br />

passo <strong>do</strong> raciocínio abdutivo. O segun<strong>do</strong> passo consiste em admitir possibili<strong>da</strong>des alternativas<br />

àquelas hipóteses até então bem estabeleci<strong>da</strong>s. Nesse processo de levantamento de possíveis<br />

hipóteses explicativas para a anomalia em questão, apenas algumas delas serão candi<strong>da</strong>tas a<br />

transformar a situação surpreendente em uma situação corriqueira. A seleção <strong>da</strong> hipótese que<br />

parece ser mais adequa<strong>da</strong> constitui o terceiro passo <strong>do</strong> raciocínio abdutivo.<br />

Numa passagem bem conheci<strong>da</strong>, Peirce (Collected Papers volume 5, § 189) sugere a seguinte<br />

descrição lógica, característica <strong>do</strong> raciocínio abdutivo:<br />

O fato surpreendente, C, é observa<strong>do</strong>.<br />

Mas se [a hipótese] A fosse ver<strong>da</strong>deira, C se seguiria naturalmente,<br />

Portanto, existe razão para suspeitar que A seja ver<strong>da</strong>deira.<br />

28<br />

TEMAS<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

<strong>Unesp</strong>/Redefor • Módulo I • Disciplina 02

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