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A visão de relacionamentos afetivos e conjugalidade em

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prazer sexual, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, inclusive, do casamento. Segundo Gid<strong>de</strong>ns<br />

(2003), na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, a sexualida<strong>de</strong> f<strong>em</strong>inina passou a ser cada vez mais<br />

reprimida e a ser tratada como uma patologia histérica. Essa repressão, para o<br />

autor, é, no entanto, uma construção social, uma forma <strong>de</strong> exercício e<br />

manutenção <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e, portanto, passível <strong>de</strong> modificação.<br />

Para Faria (1997), foi difícil superar a repressão exercida sobre a mulher no<br />

que diz respeito ao direito à sua sexualida<strong>de</strong>, repressão esta que foi<br />

<strong>de</strong>senvolvida na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, à medida que a Igreja Católica e os Estados<br />

Nacionais se fortaleciam. A sexualida<strong>de</strong>, longe <strong>de</strong> ser vista como algo natural,<br />

passou, então, a ser submetida a uma análise e correção a partir das<br />

orientações contidas <strong>em</strong> textos e manuais que distinguiam a sexualida<strong>de</strong><br />

“normal” da “patológica”.<br />

Estas concepções eram vinculadas não apenas pela literatura e pelas artes <strong>em</strong><br />

geral, como também pela ciência, como a medicina e, mais especificamente, a<br />

psiquiatria, que surg<strong>em</strong> e se fortalec<strong>em</strong> cada vez mais, atribuindo à mulher<br />

características que, implicitamente, a tornavam um ser humano praticamente<br />

<strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> inteligência, e, portanto, s<strong>em</strong> aptidão para conduzir sozinha sua<br />

vida e, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, a vida política. Segundo Luz (1982), havia uma gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudos médicos e psiquiátricos no final do século XIX na<br />

Europa que “provavam” a inferiorida<strong>de</strong> biológica e psíquica da mulher, sua<br />

fragilida<strong>de</strong> e incapacida<strong>de</strong> para ativida<strong>de</strong>s físicas pesadas e para ativida<strong>de</strong>s<br />

intelectuais mais abstratas. No Brasil, estas “teorias” se <strong>de</strong>senvolveram a partir<br />

do final do século XIX, tomando força cada vez maior no início do Século XX.<br />

Os aristocratas europeus faziam uma gran<strong>de</strong> diferença entre a sexualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro e fora do casamento. Enquanto que <strong>de</strong>ntro do casamento elas<br />

carregavam uma <strong>visão</strong> <strong>de</strong> pureza e castida<strong>de</strong>, fora <strong>de</strong>le, as relações sexuais<br />

assumiam um caráter erótico, on<strong>de</strong> tudo, ou quase tudo, era possível e aceito.<br />

Essa diferença, ainda que, por vezes, pareça vigorar ainda hoje, t<strong>em</strong> um papel<br />

importante na socieda<strong>de</strong> tradicional patriarcal brasileira, pelo menos nas<br />

classes mais abastadas, <strong>em</strong> que o casamento tinha como característica a<br />

poligamia masculina e a monogamia f<strong>em</strong>inina. Assim, enquanto os homens da<br />

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