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A visão de relacionamentos afetivos e conjugalidade em

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No século XX, <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da industrialização, as mulheres das famílias<br />

mais humil<strong>de</strong>s e as que se mantinham solteiras foram autorizadas a trabalhar,<br />

mas não <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> combinar o trabalho doméstico com este outro tipo <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong> geradora <strong>de</strong> renda, trabalhos estes duplamente invisíveis, uma vez<br />

que ambos não eram, <strong>de</strong> fato, consi<strong>de</strong>rados trabalhos. Isto porque o primeiro<br />

era visto como próprio da natureza f<strong>em</strong>inina e o segundo era consi<strong>de</strong>rado uma<br />

ativida<strong>de</strong> t<strong>em</strong>porária, que não envolvia gran<strong>de</strong>s investimentos, inclusive<br />

<strong>em</strong>ocionais, por parte das mulheres e que era exercido apenas enquanto elas<br />

aguardavam um casamento ou enquanto seus maridos não conseguiam<br />

sustentar sozinhos a família. Com isso, no entanto, algumas mulheres<br />

passaram a ter uma dupla jornada <strong>de</strong> trabalho, uma vez que sua ativida<strong>de</strong> fora<br />

<strong>de</strong> casa não diminuiu a importância da mulher no lar e, principalmente, sua<br />

responsabilida<strong>de</strong> pelos cuidados e educação dos filhos. Esta imag<strong>em</strong><br />

estereotipada da boa mãe no lar parecia indissolúvel, e até hoje ainda continua,<br />

<strong>de</strong> certa forma, presente, <strong>em</strong> maior ou menor grau, e t<strong>em</strong> sido reforçada por<br />

vários profissionais das áreas médicas, psicológicas e educacionais (ROCHA-<br />

COUTINHO, 1994).<br />

Após os anos <strong>de</strong> 1930, quando o Estado assumiu o papel <strong>de</strong> promotor da<br />

industrialização do país, as mudanças que promoveu no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ensino,<br />

possibilitando o acesso da mulher à educação, tiveram gran<strong>de</strong> importância<br />

para uma alteração no status f<strong>em</strong>inino. Apesar disso, as mulheres que<br />

conseguiam prosseguir os estudos além do curso primário geralmente<br />

encerravam sua trajetória estudantil nos cursos profissionalizantes. O mais<br />

comum <strong>de</strong>les era o normal. Segundo Vaitsman (1994), “quanto mais se subia<br />

na escala educacional, menos as mulheres estavam representadas, tornando a<br />

presença masculina predominante nas ocupações mais prestigiadas<br />

socialmente” (p.56).<br />

Com o crescimento urbano, comercial e industrial, <strong>de</strong>senvolvia-se uma classe<br />

média constituída <strong>de</strong> profissionais liberais, pequenos comerciantes, industriais<br />

e funcionários públicos. Nas cida<strong>de</strong>s maiores, o mercado <strong>de</strong> trabalho se<br />

expandiu e nele aumentou a participação das mulheres, que também iam aos<br />

poucos elevando seu nível <strong>de</strong> instrução (Vaitsman, 1994).<br />

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