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A visão de relacionamentos afetivos e conjugalidade em

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formada por “indivíduos” cujo lugar social não partia da<br />

própria escolha pessoal, mas <strong>de</strong> papéis atribuídos e<br />

normalizados segundo o gênero. A socieda<strong>de</strong> industrial<br />

mo<strong>de</strong>rna constitui-se, entre outras coisas, pela separação<br />

entre público e privado e pela doutrina das esferas<br />

separadas e naturezas sexuais <strong>de</strong>siguais, expressas na<br />

i<strong>de</strong>ologia, nas políticas e na legislação. Contudo, a própria<br />

mo<strong>de</strong>rnização, ao estimular valores universalistas,<br />

igualitários, <strong>em</strong>purrou as mulheres para o mundo público e<br />

solapou os pilares da estratificação <strong>de</strong> gênero e do<br />

individualismo patriarcal (p.59).<br />

Menandro, Rolke e Bertollo (2005), <strong>em</strong> suas pesquisas, reforçam a idéia <strong>de</strong><br />

que o universo cultural foi construído a partir da perspectiva masculina, na qual<br />

estão presentes concepções sobre a natureza f<strong>em</strong>inina e sobre as relações<br />

amorosas que justificam o <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r nas relações conjugais. Eles<br />

apontam para o fato <strong>de</strong> que estas reflexões impregnaram fort<strong>em</strong>ente as<br />

diversas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção cultural, como valores, princípios religiosos,<br />

normas, manifestações artísticas, linguagens e esteriótipos, que regulavam os<br />

comportamentos distintos <strong>de</strong> homens e mulheres, algo que apren<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a infância como impossível <strong>de</strong> ser modificado.<br />

Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, <strong>em</strong> 1945, consi<strong>de</strong>rou-se<br />

necessário o controle da natalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvendo-se, então, métodos<br />

contraceptivos cada vez mais eficazes que acabaram por levar ao surgimento<br />

da pílula anticoncepcional. Com isso, a mulher po<strong>de</strong> separar a sexualida<strong>de</strong> da<br />

reprodução. Tal fato tornou possível que o sexo, no caso das mulheres,<br />

pu<strong>de</strong>sse se dar pela simples busca <strong>de</strong> prazer, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando uma verda<strong>de</strong>ira<br />

revolução sexual, uma vez que possibilitou uma maior autonomia sexual<br />

f<strong>em</strong>inina, o florescimento da homossexualida<strong>de</strong> e o livre-arbítrio, entre outras<br />

coisas (Gid<strong>de</strong>ns, 2003).<br />

No que diz respeito à esfera pública da produção, foram fundamentais as duas<br />

guerras mundiais e sua convocação geral às mulheres para a entrada no<br />

mercado <strong>de</strong> trabalho a fim <strong>de</strong> substituir os homens que se encontravam nas<br />

frentes <strong>de</strong> combate, algo que antes só era possível para aquelas das classes<br />

menos abastadas, que tentavam compl<strong>em</strong>entar, ou mesmo suprir, as<br />

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