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A visão de relacionamentos afetivos e conjugalidade em

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O mo<strong>de</strong>rnismo universal t<strong>em</strong> sido i<strong>de</strong>ntificado com a crença<br />

no progresso linear, nas verda<strong>de</strong>s absolutas, no planejamento<br />

racional <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns sociais i<strong>de</strong>ais, e com a padronização do<br />

conhecimento e da produção. O pós-mo<strong>de</strong>rno, <strong>em</strong> contraste,<br />

privilegia a heterogeneida<strong>de</strong> e a diferença como forças<br />

libertadoras na re<strong>de</strong>finição do discurso cultural. A<br />

fragmentação, a in<strong>de</strong>terminação e a intensa <strong>de</strong>sconfiança <strong>de</strong><br />

todos os discursos universais ou totalizantes (p.19).<br />

Hervery (1992) tece uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligações entre estas mudanças ocorridas, o modo<br />

como tais trocas se <strong>de</strong>ram e a diversificação dos valores <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> que,<br />

para o autor, se encontra <strong>em</strong> vias <strong>de</strong> fragmentação. Ele se refere a esta socieda<strong>de</strong><br />

como “socieda<strong>de</strong> do <strong>de</strong>scarte”, que começou a ficar mais evi<strong>de</strong>nte durante os anos<br />

<strong>de</strong> 1960. Isto significa, não apenas jogar fora bens produzidos (criando um<br />

monumental probl<strong>em</strong>a sobre o que fazer com o lixo), como também ser capaz <strong>de</strong><br />

atirar fora valores, estilos <strong>de</strong> vida, <strong>relacionamentos</strong> estáveis, apego a coisas,<br />

edifícios, lugares, pessoas e modos adquiridos <strong>de</strong> agir e ser. Por intermédio <strong>de</strong>sses<br />

mecanismos as pessoas foram forçadas a lidar com a <strong>de</strong>scartabilida<strong>de</strong>, a novida<strong>de</strong><br />

e as perspectivas <strong>de</strong> obsolescência instantânea, fornecendo um contexto para a<br />

"quebra do consenso" e para a diversificação <strong>de</strong> valores numa socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> vias<br />

<strong>de</strong> fragmentação.<br />

Essa fragmentação também é abordada por Beltrão (1970), que <strong>de</strong>stacou alguns<br />

motivos para a instabilida<strong>de</strong> da família cont<strong>em</strong>porânea. Segundo o autor, a<br />

industrialização criou uma estrutura <strong>de</strong> valores que reconhece mais o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

pessoal do que a orig<strong>em</strong> familiar. Sendo assim, a família foi per<strong>de</strong>ndo o valor e a<br />

importância que <strong>de</strong>tinha, já que não tinha muito mais a oferecer para seus<br />

m<strong>em</strong>bros. O próprio indivíduo teve que buscar seu caminho para alcançar uma<br />

in<strong>de</strong>pendência da família. Outro componente <strong>de</strong> tensão que, segundo o autor,<br />

caracterizaria a vida cont<strong>em</strong>porânea é a <strong>visão</strong> materialista <strong>de</strong> amor e <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>,<br />

mais voltada para o “ter” do que para o “ser”. Em suas palavras, “o materialismo<br />

agrava o individualismo, o egoísmo, dispersando a família, a convivência e a<br />

solidarieda<strong>de</strong>” (p.122).<br />

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