A visão de relacionamentos afetivos e conjugalidade em
A visão de relacionamentos afetivos e conjugalidade em
A visão de relacionamentos afetivos e conjugalidade em
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
CAPÍTULO 2 – OS RELACIONAMENTOS AFETIVOS E O<br />
CASAMENTO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO<br />
38<br />
“Já diz<strong>em</strong> os clássicos que tudo flui, <strong>de</strong> forma que<br />
ninguém po<strong>de</strong> se banhar no mesmo rio. A mudança é algo<br />
inevitável <strong>em</strong> nossas vidas – não apenas uma parte<br />
essencial da vida, mas a vida mesma, já que s<strong>em</strong><br />
renovação não há crescimento”.<br />
Como vimos anteriormente os novos valores da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> renovaram ou<br />
transformaram as relações amorosas. A fim <strong>de</strong> melhor compreen<strong>de</strong>rmos o novo<br />
pano <strong>de</strong> fundo dos casamentos cont<strong>em</strong>porâneos no Brasil é necessário analisar as<br />
mudanças socioculturais e econômicas <strong>de</strong>sta época. Cabe observar aqui que a<br />
instabilida<strong>de</strong> da família cont<strong>em</strong>porânea é um probl<strong>em</strong>a que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, não apenas<br />
<strong>de</strong> fatores sócio-culturais, mas também <strong>de</strong> fatores psicossociológicos, <strong>em</strong> que se<br />
po<strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar as questões relativas ao sentido da conjugalida<strong>de</strong> no mundo atual.<br />
Além disso, é necessário assinalar que este processo <strong>de</strong> transformação não é<br />
apenas político e sociológico, mas também individual, uma vez que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
singularida<strong>de</strong> dos indivíduos.<br />
Muitos valores foram gerados e diss<strong>em</strong>inados no Brasil ao longo dos séculos,<br />
oriundos <strong>de</strong> outras culturas, como a indígena, a africana e a matriz européia, esta<br />
última fort<strong>em</strong>ente calcada nas idéias diss<strong>em</strong>inadas pela igreja católica e pela Coroa<br />
Portuguesa, o que acabou por <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar papel <strong>de</strong>cisivo na constituição da<br />
família brasileira. Alguns <strong>de</strong>sses valores foram, ou estão sendo, modificados,<br />
recodificados e até mesmo mantidos. Segundo Ribeiro (1994), o catolicismo foi um<br />
importante centro diss<strong>em</strong>inador das i<strong>de</strong>ologias <strong>de</strong>senvolvidas no Brasil, e seus<br />
valores e normas <strong>de</strong> conduta raramente pu<strong>de</strong>ram ser violados ou mesmo<br />
contestados <strong>em</strong> nossa socieda<strong>de</strong>, pelo menos nas classes mais abastadas. Esta<br />
situação perdurou até que processos <strong>de</strong> mudanças sociais, iniciados no século XIX,<br />
mas somente acentuados aqui a partir dos anos <strong>de</strong> 1940, introduziram alterações<br />
tanto na socieda<strong>de</strong> quanto na família e na própria vida religiosa do país.