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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ...

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(...) Esta estética reconhece e descreve um “sexto sentido” além<br />

dos cinco que apóiam cla sicamente a percepção. Mas este<br />

“sexto sentido”, que po sui a faculdade de atingir o belo, cria, ip­<br />

so facto, ao lado da razão e da percepção costumeira, uma ter­<br />

ceira via de conhecimento, permitindo a entrada de uma nova<br />

ordem de realidades. Uma via que privilegia mais a intuição pela<br />

imagem do que a demonstração pela sintaxe. (DURAND, 2004,<br />

p. 27)<br />

Essa noção de um “sexto sentido”, que ainda será associado de certa for­<br />

ma à idéia de “gênio”, tão prezado pelos românticos e que será combatido tantas<br />

vezes, e que conduz à percepção de novas realidades, não se distancia muito da<br />

idéia platônica de “mito”, cujo reencontro e renovação costumam ser uma das<br />

buscas desses movimentos pró­imaginário: “graças à linguagem do mito, Platão<br />

admite uma via de acesso para as verdades indemonstráveis: a existência da al­<br />

ma, o além, a morte, os mistérios do amor... ali onde a dialética bloqueada não<br />

consegue penetrar, a imagem mítica fala diretamente à alma.” (DURAND, 2004,<br />

p. 16­17).<br />

Entretanto, claro que o romantismo caiu em armadilhas. A idéia de “perfei­<br />

ção imanente das imagens” acabou por se tornar um entrave à libertação dos<br />

sentidos (inclusive do sexto deles) e da imagem, alçando a arte ao estatuto de<br />

uma religião autônoma, no século XIX. A salvação, como afirma Durand, será a<br />

insurgência de uma novidade estética que coloque em primeiro plano o imaginá­<br />

rio, o simbólico. Esta força de resgate será o penúltimo (até o presente momento)<br />

movimento de resistência do imaginário: o simbolismo.<br />

Será preciso aguardar a chegada da corrente “simbolista” para<br />

desprezar a perfeição formal e elevar a imagem icônica, poética,<br />

até musical, a vidência e conquista dos sentidos. (...) Dar o título<br />

de “símbolo” à imagem artística significa apenas fazer do signifi­<br />

cante banal a manifestação de um simbolismo inefável. (...) A o­<br />

bra de arte irá libertar­se aos poucos dos serviços antes presta­<br />

dos à religião e, nos séculos 18 e 19, à política. (DURAND, 2004,<br />

p. 29)<br />

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