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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ...

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Capítulo Dois<br />

Um movimento cidadão do mundo<br />

“Insisto expre samente em fazer esta<br />

comunicação em Paris porque a França é<br />

o país mais inteligente do mundo, o país<br />

mais racional do mundo, enquanto eu,<br />

Salvador Dalí, venho da Espanha, que é o país<br />

mais irracional do mundo,<br />

o país mais místico do mundo.”<br />

Salvador Dalí, Libelo contra a arte moderna, p. 17<br />

O canto de cisne do surrealismo, com o falecimento de André Breton em<br />

1966 e o esfacelamento definitivo do grupo original não quis dizer, contudo, que<br />

seus esforços foram em vão. Muito pelo contrário, as especulações estéticas, teó­<br />

ricas, morais e afins do movimento renderam frutos que ainda perdurariam ao<br />

longo de todo o século, e em toda parte do mundo. Ora, apesar de os preceitos<br />

estritamente surrealistas serem seguidos, a princípio, estritamente em Paris (e,<br />

por extensão, também na Bélgica), cosmopolitismo sem fronteiras do movimento<br />

estava estabelecido na própria composição do grupo original. Esta “internacional<br />

surrealista” é listada por Jean Schuster: “o grupo, em Paris, reunia os alemães<br />

Ernst e Bellmer, o austríaco Paalen, os romenos Tzara, Brauner, Hérold e Trost, o<br />

norte­americano Man Ray, os cubanos Wifredo Lam e Camacho, os canadenses<br />

Benoît e Mimi Parent, os espanhóis Dalí, Buñuel e Dominguez, o mexicano Octa­<br />

vio Paz, os tchecos Heisler e Toyen, etc.” (1999, 108)<br />

Na Bélgica, o grupo “Correspondance”, de Camille Goemans e Paul Nougé<br />

afiliaram­se a Breton desde 1925; daqui sairia um grupo “surrealista­<br />

revolucionário”, formado por Paul Borgoignie, Achille Chavée, Christian Dotre­<br />

mont, Marcel Havrenne, René Magritte, Marcel Marien e Louis Scutenaire, além<br />

do já referido Nougé, que acusariam o velho grupo surrealista de um conservado­<br />

rismo inaceitável e assumiriam, para si, a missão sagrada de pôr abaixo os alicer­<br />

ces da burguesia intelectual. Pelo menos até também encontrarem o partido co­<br />

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