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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ...

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É na arte de sas terras estranhas (mais facilmente do que nas li­<br />

teraturas inace síveis em razão da barreira da língua, ou cujos<br />

vestígios escritos são inexistentes) que o surrealismo pode reco­<br />

nhecer os sinais de uma beleza reveladora, cuja origem seria a<br />

consciência em que se encontra o artista de sua participação<br />

cósmica. (1992, p. 21)<br />

Uma comunicação imagética, livre de barreiras “conscientes”, a colocar o<br />

artista em comunhão com as manifestações simbólicas do “pensamento selva­<br />

gem” ao qual Claude Lévi­Strauss propõe um resgate dos parâmetros positivistas<br />

vigentes na antropologia, verificando o que Gilbert Durand afirma, a respeito das<br />

pesquisas do antropólogo francês: “em cada homem subsiste um patrimônio ‘sel­<br />

vagem’ infinitamente respeitável e precioso. (DURAND, 2004, p. 50). A América<br />

também causaria esse mesmo fri son entre os surrealistas, como é visível na se­<br />

gunda exposição da Galeria Surrealista de 1927, onde se exibem “objetos da A­<br />

mérica”, vindos da Colúmbia Britânica, do Novo México, do México, da Colômbia<br />

e do Peru, além da “descoberta” dos índios Hopi e dos Pueblos feita por Breton<br />

em 1945, O mundo mágico dos maias pintado por Leonora Carrington, e a eleva­<br />

ção ao estatuto de “obra de arte”, até então não realizado por museu americano<br />

algum, dos objetos rituais dos índios da costa noroeste americana a que Max<br />

Ernst se dedicou em 1941: “se já pertenciam às coleções do Museu de História<br />

Natural, não eram ainda reconhecidos como objetos de arte.” (CHÉNIEUX­<br />

GENDRON, 1992, p. 24­25) No México, as comemorações do “dia de los muer­<br />

tos”, onde a morte é celebrada com um festejo animado, quase como um carnaval<br />

mórbido de oferendas, danças e caveiras sorridentes a estampar até mesmo do­<br />

ces infantis, mostra­se “a mais completa tradução” que almejavam os surrealistas<br />

com o seu “humor negro”, a “predileção do humor por brincar com a imagem da<br />

morte, pois então é elevada ao máximo a sua potência de recuperação do real”<br />

(CHÉNIEUX­GENDRON, 1992, p. 105). Não é à toa que se tornou célebre a frase<br />

de André Breton pelo país, saudando­o como “o país surrealista por excelência”.<br />

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