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A Semiótica do Regional no Pensamento Geoestratégico Brasileiro

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PARTE I: PROJETO TEÓRICO-METODOLÓGICO<br />

Nesta dissertação, desenvolvi um projeto teórico-meto<strong>do</strong>lógico próprio. Não se trata de<br />

uma macroteoria de Relações Internacionais, senão de uma maneira particular para lidar com<br />

proposições sociológicas e filosóficas que têm si<strong>do</strong> creditadas ao movimento teórico de<strong>no</strong>mina<strong>do</strong><br />

Construtivismo. Sobretu<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> a essa característica, acredito que o esforço ora apresenta<strong>do</strong><br />

tem validade para o entendimento de dinâmicas e conceitos de segurança, estratégia e defesa nas<br />

relações internacionais contemporâneas.<br />

Ao furtar-me de utilizar um pacote teoria-méto<strong>do</strong> já aceito pela comunidade científica,<br />

preferi justificar ao leitor os fundamentos daquilo que estou propon<strong>do</strong> de forma mais detalhada.<br />

Para tanto, começarei a apresentação da proposta teórica com uma tentativa de fundamentação<br />

filosófica e sociológica. Esse formato de abordagem não é inédito e tem si<strong>do</strong> bastante bem<br />

recebi<strong>do</strong> por uma comunidade epistêmica que se aproxima de temas filosóficos (NEUFELD,<br />

1994) e que percebe os benefícios de apoiar suas reflexões em discussões metateóricas (WENDT,<br />

1991).<br />

CAPÍTULO I: IMERSÃO IDEALISTA, RELATIVISMO E TAUTOLOGIA<br />

The rabbit-hole went straight on like a tunnel for some way, and then dipped suddenly<br />

<strong>do</strong>wn, so suddenly that Alice had <strong>no</strong>t a moment to think about stopping herself before<br />

she found herself falling <strong>do</strong>wn a very deep well. (CARROLLS; TENNIEL, 2011,<br />

p.4)<br />

Não há conhecimento individual absolutamente independente de um conhecimento<br />

coletivo. A mente humana é produto de sua interação com o meio social, o qual lhe transmite<br />

impressões da realidade (conceitos e preconceitos, ideias e pré-ideias), assim como um meio de<br />

expressão (linguagens). Devi<strong>do</strong> a imperativos de comunicação e de organização, as coletividades<br />

humanas erigem estruturas e cadeias de símbolos que servem para possibilitar o entendimento<br />

individual <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Essa sequência de proposições resume a filosofia <strong>do</strong> conhecimento 3 que baliza esta<br />

dissertação. A presunção de que a realidade humana é um composto de experiências de<br />

percepção intermediadas por preceitos sociais é a hipótese que dá coesão à tradição filosófica<br />

idealista <strong>do</strong> conhecimento huma<strong>no</strong>. Defendi<strong>do</strong> e debati<strong>do</strong> por pensa<strong>do</strong>res como Pitágoras,<br />

Platão, Ploti<strong>no</strong>, Berkeley, Hegel, Husserl, o idealismo filosófico apregoa que a realidade humana é<br />

3 Uso esse termo genérico – filosofia <strong>do</strong> conhecimento – para agrupar toda a discussão filosófica acerca de como<br />

produzir conhecimento.<br />

4

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