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A Semiótica do Regional no Pensamento Geoestratégico Brasileiro

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internacional foram motiva<strong>do</strong>s pela exacerbação da função estatal de sobrevivência e<br />

retroalimentaram uma espécie de pensamento geoestratégico que se fez incorporar ao patrimônio<br />

mundial de ideias e conceitos com relação à interação regional.<br />

Adam Watson (2004) narra como o conceito de stato – alcance territorial da influência de<br />

famílias italianas <strong>no</strong> século XV – evolui para a organização política <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s nacionais<br />

moder<strong>no</strong>s na Europa. Nestes, a legitimação <strong>do</strong> mo<strong>no</strong>pólio <strong>do</strong> uso da força por uma entidade<br />

crescentemente burocratizada vem a fundamentar-se na proteção de comunidades singularizadas<br />

por artificial homogeneidade <strong>do</strong>méstica contra ameaças externas. Essa estrutura ideacional de<br />

legitimação não leva, como se poderia imaginar, à formação de autarquias, mas, sim, ao<br />

imperativo de que Esta<strong>do</strong>s obtenham vantagens em suas relações com o exterior. Ademais, o<br />

padrão de legitimidade funcional <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> moder<strong>no</strong> está relaciona<strong>do</strong> à emergência de conflitos<br />

internacionais, na medida em que as fronteiras políticas entre Esta<strong>do</strong>s são frequentemente<br />

distintas das fronteias entre nações, o que dá ensejo ao expansionismo (MILLER, 2005).<br />

À realidade já conturbada <strong>do</strong>s processos de ajuste Esta<strong>do</strong>-nação, a semiótica das Guerras<br />

Mundiais adicio<strong>no</strong>u preocupações com a obtenção de recursos naturais estratégicos, por meio da<br />

colonização africana e asiática e da manipulação inescrupulosa da cartografia europeia. Na virada<br />

<strong>do</strong> século XIX para o XX, o acesso a recursos estratégicos exter<strong>no</strong>s ao território nacional foi<br />

incorpora<strong>do</strong> como objetivo de sobrevivência nacional. Trata-se de impulso motivacional distinto<br />

das ideias mercantilistas, que levavam monarcas a incentivar, visan<strong>do</strong> à riqueza de sua corte, a<br />

obtenção de sal<strong>do</strong>s comerciais com vizinhos e a submissão de povos desconheci<strong>do</strong>s. A partir <strong>do</strong><br />

século XX, o fornecimento de recursos estratégicos exter<strong>no</strong>s é racionaliza<strong>do</strong> como um objetivo<br />

de segurança nacional (DALBY, 2009).<br />

A I Guerra Mundial marcou, ademais, a consagração <strong>do</strong> petróleo – combustível para<br />

frotas navais – como principal recurso natural estratégico. Além <strong>do</strong> interesse das nações<br />

europeias por recursos minerais <strong>no</strong> exterior – para monetizar as eco<strong>no</strong>mias e construir ferrovias –<br />

, surgia a necessidade de explorar jazidas de petróleo localizadas, em sua maioria <strong>no</strong> Oriente<br />

Próximo, onde empresas como a Compagnie Française de Pétrole e a Anglo Persian-British Petrol<br />

ganharam proeminência. O conflito inicia<strong>do</strong> em 1914 levaria, portanto, a uma <strong>no</strong>va forma de<br />

pensar <strong>no</strong> espaço geográfico, como supri<strong>do</strong>r de recursos estratégicos. As nações europeias<br />

voltavam suas atenções ao mapa mundial, ao passo que entidades como “a Standard Oil,<br />

Deutsche Bank e De Beers Diamond Coorporation [não tinham] fronteiras naturais”<br />

(HOBSBAWN, Opt.cit, p.37).<br />

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