A Semiótica do Regional no Pensamento Geoestratégico Brasileiro
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seu conteú<strong>do</strong> cognitivo previamente estabeleci<strong>do</strong> (proposta gnóstica). Ao aceitarem esquemas,<br />
indivíduos não compram uma ideia isoladamente; ao contrário, são leva<strong>do</strong>s a processo mental de<br />
interpretação e a racionalidade pré-formata<strong>do</strong>s, que lhes condicionam percepções, identidades,<br />
interesses, expectativas, atitudes, padrões de empatia e antipatia (FISKE; TAYLOR, 1991).<br />
Tome-se o exemplo da ideologia, que é a maior referência para falar-se em esquemas<br />
cognitivos. Ora, toda ideologia é parte de sistema simbólico-ideacional que vincula, com eleva<strong>do</strong><br />
grau de adensamento cognitivo, imagens ontológicas, imagens <strong>no</strong>rmativas e receitas de<br />
pragmática social.<br />
Há infinitas maneiras pelas quais uma ideia pode associar-se a outra (oposição,<br />
similaridade, causalidade, abrangência, contingência). A exemplo <strong>do</strong> funcionamento cerebral, em<br />
que sinapses de aproximação e de diferenciação conformam ideias mais complexas, a maneira<br />
como um sig<strong>no</strong> se associa a outro em discursos pontuais ou estoca<strong>do</strong>s é o que qualifica a sinapse<br />
social <strong>do</strong>s esquemas. Determinar os elos de cognição social exige identificar padrões de<br />
possibilidade e restrição da estrutura neurocognitiva, alia<strong>do</strong> a trabalho empírico de levantamento<br />
das grandes cadeias entre sig<strong>no</strong>s. Mediante a apreciação sistemática <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> simbólico-social<br />
é possível mapear como estão conecta<strong>do</strong>s sig<strong>no</strong>s em uma sociedade, identifican<strong>do</strong> vetores<br />
sinápticos e caracterizan<strong>do</strong>-os em termos qualitativos. Essa qualificação é um <strong>do</strong>s objetivos da<br />
análise empregada nesta dissertação.<br />
Mente-Estrutura Simbólica: Analogia e Dialética:<br />
A analogia apresentada entre mente e substrato intersubjetivo opera em dialética de<br />
mútua constituição. Essa dialética consiste na evolução cíclica de choques entre cognição social e<br />
neurocognição individual. Em ambos os casos, associar sig<strong>no</strong>s ou ideias (cognição) é etapa<br />
fundamental na organização da mente e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> percebi<strong>do</strong>. A esquemas cognitivos<br />
correspondem sempre regimes de pensamento; e dessa forma mesclam-se o social e o individual.<br />
Como salientara Saussure (Opt.cit.), qualquer sig<strong>no</strong> prestará função de representação; mas são os<br />
sistemas de sig<strong>no</strong>s – armazena<strong>do</strong>s individual e socialmente – que organizam percepção e<br />
entendimento entre mente e substrato simbólico.<br />
A definição de vetores interpretativos ocorre mediante choque dialético entre duas<br />
estruturas de cognição: mente e sociedade. Por um la<strong>do</strong>, a cognição social, produto de interação<br />
coletiva, jamais é conformada por mentes individuais agin<strong>do</strong> isoladamente. Para que<br />
interpretações individuais modifiquem estoques coletivos de ideias, exige-se processo político de<br />
convencimento de outros interlocutores, bem como se observam regras para alterar o<br />
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