14.04.2013 Views

A Semiótica do Regional no Pensamento Geoestratégico Brasileiro

A Semiótica do Regional no Pensamento Geoestratégico Brasileiro

A Semiótica do Regional no Pensamento Geoestratégico Brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

esforço de abordar sistematicamente o campo cognitivo proposto, atores sociais fazem uso de<br />

<strong>do</strong>is processos mentais: i) segmentação regional e ii) securitização. Ambos os processos têm<br />

correspondentes <strong>no</strong>s níveis de cognição individual e social. Pela hipótese <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-ator, a<br />

cognição individual pode dar origem a políticas públicas, enquanto que a cognição social é fruto<br />

da interação cultural entre múltiplas coletividades humanas.<br />

No nível individual ou neurocognitivo, a segmentação regional – que como política seria<br />

chamada de regionalismo –, é processo de raciocínio que envolve três etapas: i) seleção de<br />

macroespaço, ou universo espacial; ii) definição de característica descontínua nesse macroespaço;<br />

iii) segmentação <strong>do</strong> macroespaço em subunidades espaciais homogêneas internamente e<br />

heterogêneas com relação ao exterior, de acor<strong>do</strong> com a característica definida (MACHADO,<br />

2009-10).<br />

No nível da interação social, a segmentação regional conforma regiões ontológicas. Trata-<br />

se de ideia-sig<strong>no</strong> <strong>do</strong> tipo imagem ontológica que, institucionalizada por arquivos de conhecimento e<br />

redes de transmissão social, faz convergir expectativas sociais acerca da organização geográfica de<br />

eventos, fatos e fenôme<strong>no</strong>s. Regiões na ontologia simbólica têm poder de afetar agentes e, <strong>no</strong><br />

extremo de sua auto<strong>no</strong>mia, poderiam adquirir características de agência, a exemplo da União<br />

Europeia.<br />

De sua parte, o processo de securitização, traduzi<strong>do</strong> para o nível neurocognitivo, significa<br />

a máxima priorização de da<strong>do</strong> objetivo, acompanhada de relativização <strong>do</strong>s custos concretos e<br />

morais que devem ser sacrifica<strong>do</strong>s na perseguição de tal objetivo. Essa definição de segurança<br />

como processo mental e não como lista de funções de dada burocracia estatal está em<br />

consonância com o alargamento <strong>do</strong> conceito de segurança proposto pela Escola de Copenhague<br />

(BUZAN et al. Opt.cit), para que qualquer objeto pode ser securitiza<strong>do</strong>, o que tem efeito de<br />

justificar meios extraordinários em sua proteção.<br />

A securitização como gnósia social é a priorização coletiva de determinada unidade<br />

simbólica. Trata-se de processo de en<strong>do</strong>sso coletivo de discurso securitizante, envolven<strong>do</strong> líderes<br />

políticos, transmissões midiáticas, aceitação e contestação social. O processo de securitização<br />

social guarda íntima relação com dinâmicas de identificação, vez que um agrupamento de<br />

indivíduos deve reputar a determina<strong>do</strong> objeto ou símbolo o direito de existência (sobrevivência),<br />

mostran<strong>do</strong>-se disposto a relativizar custos (sobretu<strong>do</strong> morais) necessários para sua defesa.<br />

Cumpre ressaltar, ademais, que em sociedades organizadas sob a égide da modernidade ocidental,<br />

o Esta<strong>do</strong> mantém o mo<strong>no</strong>pólio na definição de ameaças ou objetivos de segurança, de mo<strong>do</strong> que<br />

burocracias militares definem interesses de Esta<strong>do</strong> como questões de segurança, muitas vezes a<br />

despeito de consensos na sociedade.<br />

22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!