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A Semiótica do Regional no Pensamento Geoestratégico Brasileiro

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conhecimento em Ciências Naturais e de como é possível conhecer a realidade e a verdade,<br />

negligencian<strong>do</strong> que o objeto de estu<strong>do</strong> das Ciências Sociais é substrato em que a distinção entre<br />

onto e episteme é corroída.<br />

À luz dessa discussão inicial, deve-se questionar: É possível estudar fenôme<strong>no</strong>s e efeitos<br />

<strong>do</strong> conhecimento como se fossem parte de uma realidade social com características ontológicas?<br />

Para responder a essa pergunta, é vali<strong>do</strong> discutir e ponderar sobre algumas meto<strong>do</strong>logias<br />

científicas e suas respectivas teorias de referência entre conhecimento e realidade.<br />

A esse respeito, as <strong>do</strong>utrinas meto<strong>do</strong>lógicas com mais adeptos <strong>no</strong> campo da filosofia <strong>do</strong><br />

conhecimento são o empirismo e o positivismo 4 . Ambas estão baseadas <strong>no</strong> <strong>do</strong>gma da verdade como<br />

correspondência, o qual visa a encontrar critérios objetivos para fazer aproximarem-se episteme e<br />

onto. Na Hélade, quan<strong>do</strong> Parmênides e Sócrates teriam debati<strong>do</strong> sobre como distinguir o ser <strong>do</strong><br />

não ser (PLATAO, 2008), a correspondência com a verdade poderia ser verificada mediante<br />

observação, a qual, entre os senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> homem, teria lócus ontológico privilegia<strong>do</strong> 5 . Desde a<br />

aurora da modernidade, o critério passou a ser meto<strong>do</strong>lógico, enaltecen<strong>do</strong>-se os meios próprios<br />

por que o conhecimento poderia fazer-se científico: por indução (da onto para a episteme) ou<br />

dedução (da episteme para a onto). No início <strong>do</strong> século XX, com os desenvolvimentos acadêmicos<br />

<strong>no</strong> campo da filosofia <strong>do</strong> conhecimento, sobretu<strong>do</strong> em Londres e Frankfurt, surgiu polarização<br />

entre positivistas e críticos, que se digladiavam acerca da função social da ciência e acerca da<br />

existência de objetividade e neutralidade acadêmica.<br />

Em que pesem os reitera<strong>do</strong>s registros acerca da incomensurabilidade entre <strong>do</strong>mínio da<br />

natureza e o <strong>do</strong>mínio das ideias, as Academias <strong>do</strong> Saber deixaram-se progressivamente imbuir de<br />

preconceitos com relação a estu<strong>do</strong>s mais céticos ante ao imperativo ontológico, a partir da<br />

Modernidade. A tese da objetividade transcendental (KANT, 1989) e a revolução meto<strong>do</strong>lógica<br />

iniciada pelo Círculo de Viena (1919-36) vieram a sacramentar o processo de considerar como<br />

categorias não científicas o estu<strong>do</strong> da sociedade, <strong>do</strong> subjetivo, das ideias. Assim, <strong>no</strong>s centros<br />

acadêmicos institucionaliza<strong>do</strong>s para o debate <strong>do</strong> conhecimento, havia pouco espaço para o<br />

desenvolvimento de estu<strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s de “metafísicos” ou de filosóficos.<br />

Com a virada linguística na filosofia de Ludwig Witgensttein e a partir <strong>do</strong>s primeiros<br />

ensaios em semiologia de Ferdinand de Saussure, foram introduzi<strong>do</strong>s conceitos contra<strong>do</strong>gmáticos<br />

na filosofia <strong>do</strong> conhecimento. O relativismo, de Witgensttein e Albert Einstein, afirma a<br />

4 Aqui enquadro também autores como Popper e Lakatos, que para as RI são considera<strong>do</strong>s positivistas, não obstante<br />

sejam, muitas vezes, chama<strong>do</strong>s de pós-positivistas.<br />

5 É cabida a exceção feita ao méto<strong>do</strong> da correspondência aristotélica.<br />

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