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A Semiótica do Regional no Pensamento Geoestratégico Brasileiro

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Guerra Mundial, os EUA buscavam centrar sua atuação internacional em consolidar influência<br />

em áreas de baixa pressão para o jogo político europeu. Benefician<strong>do</strong>-se da qualidade de Esta<strong>do</strong><br />

continental bioceânico, o país procurava proteger o comércio com o Pacífico, ao mesmo tempo<br />

em que liderava a formação de um bloco de solidariedade <strong>no</strong> continente America<strong>no</strong>. No mar <strong>do</strong><br />

Caribe e na porção setentrional da América Andina, até onde chegava o alcance de seu poder, os<br />

EUA faziam valer a Doutrina Monroe, de 1823, e seu Corolário Roosevelt, de 1901-2. No<br />

extremo austral <strong>do</strong> continente, o país a<strong>do</strong>tava estratégia de cooperação com o Brasil, que<br />

Bradford Burns (1966) descreveu como aliança não escrita.<br />

Inclusive <strong>do</strong>utrinas de engajamento militar foram matizadas por considerações<br />

geográficas. Para iniciar um conflito direto entre si, as superpotências esperariam por uma<br />

justificativa brutal, como um ataque territorial. A condição de “mutual assured destruction” levou ao<br />

desenvolvimento de hipóteses de engajamento para pacificação de suas próprias esferas de<br />

influência ou, <strong>no</strong>s limites e intersecções geográficas de poder, de suporte a poderes regionais e a<br />

grupos locais. Nesse contato com autoridades fora de seu território, ideólogos comunistas<br />

incentivavam, em foros das internacionais comunistas, a luta armada para a revolução <strong>do</strong>méstica;<br />

ao passo que os EUA recomendavam que os militares de seus alia<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>tassem hipóteses de<br />

engajamento inter<strong>no</strong>, oferecen<strong>do</strong> treinamentos em operações de contrainsurgência.<br />

A institucionalização de uma zona de segurança e espaço de influência estadunidense na<br />

América Latina já <strong>no</strong> início <strong>do</strong> século XX dá evidências da apropriação da racionalidade das<br />

panregiões pela ação externa <strong>do</strong>s EUA. Com o corolário Roosevelt, os EUA tentam legitimar sua<br />

vocação de defensores da democracia na América (BURNS, 1966). Do ponto de vista <strong>do</strong><br />

pensamento geopolítico clássico, a América Latina era entor<strong>no</strong> estratégico <strong>do</strong>s EUA e, já na<br />

década de 1920, Geddes Rutherford (1926) argumentava que o conceito de esferas de influência<br />

envolvia aspectos jurídicos da relação de suserania.<br />

O ambiente ideacional das Guerras Mundiais intermediou a recepção <strong>do</strong> conceito <strong>no</strong><br />

ordenamento político de 1945 e na lógica da bipolaridade. A Conferência de Munique (1938) é o<br />

episódio-marco da supremacia da geopolítica nas ideologias estatais da época, ao passo que o<br />

trata<strong>do</strong> Ribbentrop-Molotov (1939) inaugura um pensamento geográfico de Esta<strong>do</strong> pauta<strong>do</strong> em<br />

ocupação e anexação (GARDNER, 1993). Assina<strong>do</strong> o trata<strong>do</strong> tripartite que formalizou a aliança<br />

<strong>do</strong> Eixo em 1940, Ribbentrop convi<strong>do</strong>u Molotov para unir-se ao grupo com a missão histórica<br />

de dividir o mun<strong>do</strong> pós-guerra em esferas de influência. Albert Reis (1981) demonstra como<br />

diversos termos – esferas de interesse, zonas de segurança, zonas especiais de responsabilidade –<br />

eram usa<strong>do</strong>s como sinônimos para sustentar a ação regional <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> à época.<br />

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