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Edição do Dia 13 de Fevereiro de 2012

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Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Política, <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong><br />

TJDFT | Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong> DF e Territórios<br />

E o passa<strong>do</strong> será aberto ao público...<br />

O Arquivo Público <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral possui cinco<br />

milhões <strong>de</strong> fotos, 60 mil <strong>do</strong>cumentos e quatro mil<br />

cartazes <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> da ditadura militar. Apesar <strong>de</strong><br />

preservada, gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>cumentos ainda<br />

não está mapeada e o conteú<strong>do</strong> ainda permanece<br />

esqueci<strong>do</strong>, distante da população.<br />

Segun<strong>do</strong> o superinten<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Arquivo Público,<br />

Gustavo Chauvet, a partir <strong>de</strong>ste ano será feita<br />

pesquisa para <strong>de</strong>scobrir e organizar as<br />

informações sobre o passa<strong>do</strong> da capital brasileira.<br />

O resgate não será apenas <strong>do</strong> tempo da ditadura,<br />

mas <strong>de</strong> toda a linha <strong>do</strong> tempo da capital brasileira.<br />

Dentro <strong>do</strong> Projeto Documentos Goyaz, inicia<strong>do</strong> no<br />

ano passa<strong>do</strong>, o órgão busca <strong>do</strong>cumentos relativos<br />

ao passa<strong>do</strong> no DF e em municípios vizinhos, in<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> acervos <strong>do</strong> século 19 até a década <strong>de</strong> 1990.<br />

Na edição <strong>de</strong> ontem o Jornal <strong>de</strong> Brasília mostrou<br />

resquícios da história <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> militar no prédio<br />

<strong>do</strong> Banco Nacional <strong>do</strong> Desenvolvimento (BNDES),<br />

no Setor Comercial Sul (SCS), atualmente utiliza<strong>do</strong><br />

pelo Instituto <strong>de</strong> Pesquisa Econômica Aplicada<br />

(Ipea). Para Chauvet, é preciso mais pesquisa<br />

sobre os fatos que ocorreram no DF ao longo da<br />

ditadura. Segun<strong>do</strong> o superinten<strong>de</strong>nte, o Arquivo<br />

Público <strong>de</strong>verá buscar mais informações sobre o<br />

perío<strong>do</strong>, inclusive junto aos órgãos <strong>do</strong> GDF.<br />

Na análise <strong>de</strong> Chauvet, a busca pelos <strong>de</strong>talhes da<br />

memória não é importante apenas para a pesquisa<br />

histórica, mas, também, na formação da cidadania.<br />

“A construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> histórica gera a<br />

construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong> indivíduo. Com a<br />

construção da história, o indivíduo po<strong>de</strong> se situar<br />

em grupos históricos e <strong>de</strong> uma maneira mais<br />

profunda construir a sua cidadania”, explica.<br />

O Arquivo Público também está digitalizan<strong>do</strong> o<br />

conteú<strong>do</strong>. A idéia é ter to<strong>do</strong> o acervo disponível em<br />

três anos. Entre os arquivos sobre a ditadura é<br />

possível ler <strong>do</strong>cumentos sobre o trabalho <strong>de</strong><br />

monitoramento sobre movimentos estudantis na<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília. “A maior parte <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>cumentos é sobre relatórios policiais e<br />

campanas. Eram relatórios <strong>de</strong> observação sobre<br />

quem achavam que pu<strong>de</strong>sse ser subversivo”, diz o<br />

coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Arquivo Permanente, Wilson Vieira<br />

Júnior.<br />

Para as comemorações <strong>do</strong>s 50 anos da UnB, o<br />

arquivo <strong>de</strong>verá fazer levantamento sobre a<br />

instituição. Um pente fino com <strong>de</strong>talhes sobre as<br />

histórias da universida<strong>de</strong> durante o regime militar.<br />

A partir <strong>de</strong> maio entrará em vigor a Lei <strong>de</strong> Acesso à<br />

Informação Pública. Com ela, o cidadão passará a<br />

ter direito a ter, física ou digitalmente, qualquer<br />

informação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público. Qualquer cidadão<br />

po<strong>de</strong>rá solicitar as informações. Além <strong>de</strong> digitalizar<br />

o material, o órgão prepara um banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s,<br />

para consultas pela internet.<br />

Luta por justiça<br />

Jarbas Silva Marques. Jornalista. Historia<strong>do</strong>r.<br />

Professor. Preso político da ditadura militar por <strong>de</strong>z<br />

anos. Deti<strong>do</strong> em 1967, ele sobreviveu a severas<br />

sessões <strong>de</strong> tortura. Para Jarbas, a página da<br />

ditadura ainda não foi virada. Com a estimativa <strong>de</strong><br />

92 mil pessoas torturadas no País, ele consi<strong>de</strong>ra<br />

que respostas são necessárias. “Como eu tinha<br />

si<strong>do</strong> assessor parlamentar naqueles anos, eles<br />

queriam me utilizar para que, se eu fraquejasse na<br />

tortura, indicasse <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s e sena<strong>do</strong>res que<br />

fariam parte da resistência. Eu fazia parte <strong>de</strong>la”,<br />

afirmou. Jarbas não ce<strong>de</strong>u e por isso carrega até<br />

hoje marcas e sequelas pelo corpo.<br />

A tortura incluia afogamentos em tinas <strong>de</strong> urina e<br />

fezes e abuso sexual. Sob a violência <strong>de</strong> uma<br />

tortura, chamada “telefo - ne”, ele per<strong>de</strong>u cerca <strong>de</strong><br />

30% da capacida<strong>de</strong> auditiva. Além disso, ele<br />

convive com uma perna <strong>de</strong>bilitada com o<br />

rompimento <strong>de</strong> diversos ligamentos.<br />

Para Jarbas, não há como negar que a tortura foi<br />

uma política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>. Nas palavras <strong>de</strong> quem foi<br />

preso político, a prática envolveu a Justiça, o<br />

Po<strong>de</strong>r Legislativo e o Po<strong>de</strong>r Executivo. “Era uma<br />

política <strong>de</strong> esta<strong>do</strong>.”<br />

CÁRCERE<br />

Andan<strong>do</strong> pelo DF, Jarbas vê os locais on<strong>de</strong> foi<br />

tortura<strong>do</strong>. Ele aponta o quartel da Polícia <strong>do</strong><br />

Exército, nos Dragões da In<strong>de</strong>pendência, por<br />

exemplo. A tortura, segun<strong>do</strong> ele, era feita em<br />

diferentes quarteis. Os parlamentares po<strong>de</strong>riam<br />

procurar por Jarbas a qualquer momento, e por<br />

isso o transferiam constantemente para driblar o<br />

socorro.<br />

Des<strong>de</strong> a saída <strong>do</strong> cárcere, Jarbas luta para<br />

responsabilizar os culpa<strong>do</strong>s pela tortura. Para ele,<br />

a situação está bem distante <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong><br />

conforto. O ex-preso político não escon<strong>de</strong> o<br />

<strong>de</strong>scontentamento com os rumos da questão, os<br />

quais estão longe <strong>de</strong> responsabilizar seus algozes.<br />

Membro funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Comitê da Memória, da<br />

Verda<strong>de</strong> e da Justiça <strong>do</strong> DF, ele diz que vítimas,<br />

ex-presos políticos e parentes continuam em busca<br />

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