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ELAINE CRISTINA MENDONÇA A DIVISÃO SEXUAL DO ...

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Não obstante da percepção de que as mulheres continuam<br />

investindo significativamente no espaço doméstico, cabe ressaltar que,<br />

outros momentos da pesquisa também apontam um grande investimento<br />

destas mulheres no espaço do trabalho assalariado. Para isso, temos duas<br />

hipóteses uma vez que esta questão não foi aprofundada em nossa<br />

pesquisa, no sentido de investigar quais realmente foram os motivos que<br />

levaram estas mulheres a ocuparem o espaço do trabalho assalariado.<br />

Assim, o investimento destas mulheres neste espaço de trabalho pode<br />

estar relacionado a uma necessidade de a mulher contribuir<br />

financeiramente com a manutenção do lar, uma vez que a maioria delas<br />

afirmou que o seu salário é fundamental para a manutenção da casa.<br />

Porém, também pode estar relacionada com o próprio desejo das<br />

mulheres de ocuparem o espaço do trabalho assalariado, uma vez que,<br />

em diversos momentos das entrevistas, os depoimentos trouxeram a<br />

necessidade de não somente se dedicarem ao espaço doméstico.<br />

Outro aspecto importante da nossa pesquisa é a percepção de<br />

que a naturalização dos papéis e/ou características tidos como<br />

femininos/masculinos ainda é muito forte independente de classe social,<br />

sendo poucos os momentos das entrevistas que apareceram trechos em<br />

que as mulheres não evidenciam nos relatos esta naturalização.<br />

Compreendemos que esta naturalização pode estar relacionada<br />

com o fato de o capital tirar proveito dos dados culturais aprofundandoos<br />

na direção dos seus interesses fazendo com que a mulher, mesmo<br />

ocupando o espaço do trabalho assalariado, não deixe das tarefas da<br />

reprodução (TOLE<strong>DO</strong>, 2003) “em nome da natureza, do amor e do<br />

dever materno” (HIRATA E KERGOAT, 2007).<br />

No que diz respeito à categoria classe, nosso estudo com<br />

mulheres pertencentes à burguesia e ao proletariado tinha justamente a<br />

intenção de averiguar se as concepções e comportamentos das mulheres<br />

acerca do trabalho doméstico, do trabalho assalariado, da divisão sexual<br />

do trabalho pudessem ser percebidas e/ou praticados de forma<br />

diferenciados, tendo em vista a condição socioeconômica totalmente<br />

distinta entre estas duas classes sociais.<br />

Assim, por meio desta pesquisa, percebemos que a cultura da<br />

desigualdade de gênero e, consequentemente, a naturalização de papéis<br />

e/ou características tidos como femininos/masculinos, atinge as<br />

mulheres de modo geral, independente da classe social a que pertencem.<br />

Uma das diferenças percebidas em nosso estudo que está<br />

relacionada à desigualdade de gênero e, também, à classe social, foi o<br />

fato de que as mulheres pertencentes à burguesia, apesar de igualmente<br />

serem as maiores responsáveis pelo espaço doméstico, contam com o

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