ELAINE CRISTINA MENDONÇA A DIVISÃO SEXUAL DO ...
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não ficar o chão sujo meu pai ia lá e varria....e ela<br />
foi abrindo o espaço e o meu pai foi assumindo<br />
essa responsabilidade. [...] ela foi deixando de<br />
fazer e, ele foi fazendo pra evitar de ficar num<br />
ambiente sem organização, sem limpeza. E aí se<br />
estabeleceu esse acordo não verbal, de maneira<br />
que ele assumiu essas responsabilidades e, hoje,<br />
ela nem sente isso como responsabilidade dela. Se<br />
tiver sujo ela não vai fazer, porque ela sabe que<br />
meu pai vai lá e vai fazer. (Valentina)<br />
A entrevistada Valentina ainda relata como era a divisão de<br />
responsabilidades quando o pai possuía trabalho assalariado, mostrando<br />
que em sua casa a mudança foi bastante significativa, conforme consta<br />
abaixo o relato:<br />
[...] era bem aquela família tradicional assim,<br />
tanto que meu pai saía para trabalhar, quando ele<br />
chegava ao meio dia o almoço estava pronto! Daí<br />
ele almoçava, só tirava o prato da mesa e colocava<br />
na pia e ia descansar ... Porque ele tinha que voltar<br />
à tarde para trabalhar! (Valentina)<br />
Os depoimentos de Eva, da classe proletária e de Mayssa da<br />
classe burguesa, apontam que além de serem elas as responsáveis pelo<br />
cuidado com a casa, também ocupam o espaço do trabalho assalariado e<br />
afirmam que não concordam com a sobrecarga de responsabilidades<br />
atribuída à mulher, porém, ressaltam que se sentem responsáveis pela<br />
forma como foi estabelecida a divisão de tarefas entre elas e seus excompanheiro/esposo,<br />
principalmente, porque elas não os<br />
responsabilizavam quanto às tarefas domésticas. Estes depoimentos<br />
sugerem a compreensão de que os papéis definidos como próprios de<br />
homem e de mulher são construídos socialmente, conforme segue os<br />
depoimentos:<br />
[...] era aquela coisa bem ... essa construção<br />
sócio-histórica do casamento: o homem é o<br />
provedor e a mulher é a cuidadora do lar! Então,