ELAINE CRISTINA MENDONÇA A DIVISÃO SEXUAL DO ...
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porque, nas sociedades pré-capitalistas a divisão do trabalho, tal como<br />
estava estabelecida, gerava um significativo grau de dependência entre<br />
esses dois espaços que não permitia uma separação tão radical.<br />
Isto não significa que na sociedade capitalista a dependência<br />
entre a esfera produtiva e a esfera reprodutiva não exista e, sim, que a<br />
intrínseca relação entre as duas esferas é disfarçada, com o simples<br />
objetivo de que o capital não precisa desembolsar a parte que se refere à<br />
esfera reprodutiva aumentando o seu lucro.<br />
Como conseqüência disto, o capital provoca uma<br />
desvalorização do espaço reprodutivo, como se ele não fosse tão<br />
importante e necessário para o desenvolvimento de uma sociedade<br />
quanto o trabalho produtivo. Assim, tratando de desvalorizar o trabalho<br />
doméstico, também reforça a divisão sexual que já se desenrolava e,<br />
ainda, fortalece a cultura do patriarcalismo em que ao homem é<br />
atribuída socialmente uma posição mais valorizada do que a da mulher,<br />
autoridade sobre a família, bem como, direito de tomar os espaços de<br />
decisão e/ou públicos, atribuindo à mulher, em paralelo, o espaço<br />
desvalorizado, ou seja, o espaço reprodutivo.<br />
Apesar disto, segundo Cândido (1951, apud BRUSCHINI,<br />
1990, p. 64), no final do século XIX, as mulheres também passam a<br />
exercer, em maior número, atividades remuneradas. Assim, mesmo que,<br />
historicamente, o espaço destinado às mulheres sempre foi o espaço<br />
reprodutivo, as mulheres também passam a ocupar o espaço do trabalho<br />
assalariado.<br />
Em nosso estudo esta realidade não é diferente, como já vimos<br />
descrito no item 2.1.3, das vinte (20) mulheres entrevistadas, quinze<br />
(15) delas ocupam o trabalho assalariado e somente cinco (05) não<br />
possuíam este tipo de atividade no momento em que foram<br />
entrevistadas.<br />
Todas as cinco (05) mulheres que não possuíam atividade<br />
remunerada no momento da entrevista, também já ocuparam o espaço<br />
do trabalho assalariado. Destas cinco (05) mulheres, três (03) não<br />
trabalham mais porque já estão aposentadas e somente duas (02) não<br />
trabalham porque optaram por se dedicar ao espaço reprodutivo.<br />
Embora a maioria das mulheres entrevistadas exerçam uma<br />
atividade remunerada, confirmando que houve mudanças quanto ao<br />
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