ELAINE CRISTINA MENDONÇA A DIVISÃO SEXUAL DO ...
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Naquele momento era muito tranquilo, porque era<br />
da forma que eu queria que fosse hoje. Só que,<br />
tem umas coisas assim que me irritavam<br />
profundamente [...] Chegava em casa, sabia que a<br />
diarista tinha acabado de sair ... [...] e quem tinha<br />
que limpar! Eu achava aquilo um absurdo e eu<br />
reclamava e dizia: Meu Deus, estava limpo! Custa<br />
cuidar pra não sujar? Então, isso era uma coisa<br />
que eu mudaria. Tanto que eu decidi mudar de<br />
marido. Porque não dá pra agüentar, tem coisa que<br />
não dá pra agüentar! (risos). (Eva)<br />
O relato de Helena é interessante porque mostra que os<br />
territórios construídos socialmente do homem e da mulher estavam tão<br />
incorporados pelo casal naquele momento que, aparentemente, foi, por<br />
isso, que a entrevistada não chegou a visualizar a possibilidade de<br />
alterar a divisão de tarefas:<br />
No casamento não tinha abertura pra isso, mas<br />
acho que eu também não cheguei a pensar não!<br />
Pra minha geração, isso ainda era meio claro: o<br />
que mulher fazia e o que homem fazia. A nossa<br />
geração, não que fosse regra, mas era mulher<br />
dentro de casa ... Se o homem fizesse alguma<br />
coisa, era lavar o carro, cortar grama, roçar grama<br />
... Mas, lá em casa eu pagava pra roçar a grama,<br />
então acabava não fazendo muita coisa. Nem<br />
mesmo ... outra coisa que os homens assumiam<br />
era a manutenção da casa, trocar lâmpada ... mas<br />
meu ex-marido, até isso tinha que mandar fazer!<br />
[...]. (Helena)<br />
Conforme veremos a seguir o fato de a maioria destas mulheres<br />
nunca terem pensado na possibilidade de alterar a divisão de tarefas em<br />
casa, pode estar relacionado com uma educação onde o tratamento para<br />
homens e mulheres já era diferenciado, fazendo com as mulheres<br />
naturalizassem também a situação vivida nos relacionamentos<br />
conjugais.