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reflexos na prática interpretativa

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expressivos que este tem. Neste universo posso apontar, como exemplo, a gravação do Das<br />

Wohltemperierte Klavier de Sviatoslav Richter (CD-RCA Victor, 88697 57399 2 e 88697<br />

57400 2) ou a de Vladimir Aszhke<strong>na</strong>zy (CD-Decca, 475 6832 DX3).<br />

Por outro lado, através da minha <strong>prática</strong> como interprete e ouvinte, reparei <strong>na</strong><br />

utilização de técnicas imitativas <strong>na</strong>s composições de Chopin e <strong>na</strong> importância das vozes<br />

intermédias <strong>na</strong> sua interpretação. É claro que a forma de relacio<strong>na</strong>r a obra destes dois<br />

compositores e de formular essa relação necessitou de uma palavra que a reflectisse e que<br />

levasse em conta a condicio<strong>na</strong>nte temporal. Esta era o de se tratar de um relacio<strong>na</strong>mento<br />

unidireccio<strong>na</strong>l, ou seja, um relacio<strong>na</strong>mento que teria de ter acontecido no sentido de Bach<br />

para Chopin e não o inverso. Assim cheguei ao termo ‘influência’ para sumarizar um<br />

relacio<strong>na</strong>mento em que um autor tomando conhecimento da obra de outro, se deixou<br />

cativar e utilizou processos e fórmulas, que não lhe eram inicialmente próprias.<br />

No Cambridge Companion to Bach (Methuen-Campbell in Samson 2004: 219), o<br />

termo ‘influência’ influence, <strong>na</strong> história da transmissão da obra de Bach, aparece associado<br />

à preservação da tradição bachia<strong>na</strong> e o termo recepção reception associado à transformação<br />

da sua obra num contexto musical diferente. No entanto, em português o significado<br />

semântico entre os dois termos é o oposto, e ‘influência’ é um termo que se refere a uma<br />

transmissão de informação que é incorporada e logo modificada num outro elemento,<br />

passando a fazer parte integral deste, e não a uma perpetuação intacta desse<br />

conhecimento/informação. Sendo assim, a influência de Bach <strong>na</strong> obra de Chopin não<br />

implica uma perpetuação da sua linguagem, mas sim uma incorporação de elementos deste<br />

<strong>na</strong> obra doutro autor.<br />

A influência de Bach em Chopin foi referida, em primeiro lugar, pelos seus<br />

contemporâneos F. Liszt e Wilhelm von Lenz (1809-1883). Posteriormente, já no início do<br />

século XX, Edgar Stillman Kelley (1857-1944) escreve: “É da maior importância ter<br />

sempre em mente esta influência de Bach, dado que fornece a única pista para os mistérios<br />

de tantas dessas passagens que nos encantam...” (Kelley 1913: 28-29). Mais recentemente<br />

Jean-Jacques Eigeldinger aborda esta questão no comentário da edição do facsimile do I<br />

volume do Das Wohltemperierte Klavier pertencente a Pauline Charazen (1828-1899) e no<br />

capítulo Placing Chopin: reflections on a compositio<strong>na</strong>l aesthetic (Rink/Samson (ed.)<br />

Chopin studies 2), mas um estudo aprofundado dedicado a este tema ainda não tinha sido<br />

feito.<br />

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