15.04.2013 Views

reflexos na prática interpretativa

reflexos na prática interpretativa

reflexos na prática interpretativa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

entre o interesse e estudo de Chopin pela linguagem técnica do contraponto e a utilização<br />

deste <strong>na</strong>s suas obras tardias:<br />

Chopin tinha ficado cada vez mais interessado <strong>na</strong> polifonia antes de ter trabalhado <strong>na</strong> So<strong>na</strong>ta<br />

em si menor. A sua veneração por Bach atingiu um apogeu; ele mergulhou no estudo dos<br />

tratados de contraponto de Cherubini e Kastner. O resultado é incontestável. O primeiro<br />

andamento do Op. 58 contém mais passagens imitativas do que qualquer outra obra de Chopin.<br />

A maior parte da sua textura é mais uma associação de linhas contrapontísticas do que uma<br />

melodia com acompanhamento. Mais do que isso, aqui a forma do pensamento musical é<br />

polifónica. (...) Um aspecto desta abordagem é a convicção de que o que é feito com o tema é<br />

muito mais importante do que o tema é per se. ” (Leikin in Samson 2004: 176) 44<br />

Nesta afirmação, encontra-se bem claro que o contraponto, bem como a linguagem<br />

musical presente <strong>na</strong> obra de Chopin, derivam, de forma directa, do interesse deste por Bach<br />

e do estudo da sua obra. Esta ideia está presente desde o início da sua actividade artística e,<br />

tal como em Beethoven e Mozart, progride no decurso do amadurecimento da sua obra e<br />

assume um lugar cada vez mais visível. Um dos exemplos em que esse interesse é mais<br />

palpável e desconcertante é a Fuga em lá menor Br. 144 (fig. 2.1), escrita entre mil<br />

oitocentos e quarenta e dois/quarenta e três.<br />

Fig. 2.1 - F. Chopin: Fuga Br. 144, comps. 1 – 9<br />

Outro dado que confirma a importância que Chopin dava à obra de J. S. Bach é-nos<br />

dado pela seguinte descrição: “Uma indicação clara da devoção de Chopin é um inventário<br />

feito pela sua irmã mais velha dos objectos encontrados no seu apartamento após a sua<br />

morte, que mencio<strong>na</strong>, entre outros itens, ‘dois volumes de Bach e Cherubini’.”<br />

(Eigeldinger in Rink/Samson 2006: 103) 45<br />

44 Chopin had become increasingly interested in polyphony prior to his working on the B minor So<strong>na</strong>ta. His veneration for Bach<br />

reached an apogee; he immersed himself in studying counterpoint treatises by Cherubini and Kastner. The result is incontestable. The<br />

first movement of op. 58 contains more imitative passages than any other of Chopin’s works. Most of its texture is a colligation of<br />

contrapuntal lines rather than a melody with accompaniment. More than that the way of musical thinking here is polyphonic. (...) One<br />

aspect of that approach is the conviction that what is done with a theme is more important than what the theme is per se. (Leikin in<br />

Samson 2004: 176)<br />

45 Clear indication of Chopin’s devotion is an inventory made by his elder sister of the objects found in his apartment after his death,<br />

which mentions among other things ‘two volumes of Bach and Cherubini’. (Eigeldinger in Rink/Samson 2006: 103)<br />

42

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!