BARROS, Diana Luz Pessoa de - Teoria Semiotica do - No-IP
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PN6: o tempo “mela” o açúcar, tira-lhe a brancura e a pureza (o sujeito <strong>do</strong> fazer é<br />
o tempo; a transformação é a <strong>de</strong> “melar” ou <strong>de</strong>smascarar; o sujeito <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> é o<br />
açúcar).<br />
F (melar) [S1 (tempo) S2 (açúcar) ∩ 0v (brancura, pureza)]<br />
PN7: o bangüê purga o açúcar pela mistura com o barro (o sujeito <strong>do</strong> fazer é o<br />
bangüê; a transformação é purificar; o sujeito <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> é o açúcar).<br />
F (purificar) [S1 (bangüé) S2 (açúcar) ∩ Ov (brancura + escuro)]<br />
Os sete exemplos acima <strong>de</strong>ixam antever diferentes tipos <strong>de</strong> programas<br />
narrativos, segun<strong>do</strong> critérios também diversos:<br />
a) natureza da função: se a transformação resulta em conjunto <strong>do</strong> sujeito com o<br />
objeto, tem-se um programa <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> objeto-valor; se termina em disjunção,<br />
fala-se em programa <strong>de</strong> privação (os PN1, PN3, PN5 e PN7 são programas <strong>de</strong><br />
aquisição, pois, no PN1, a gata adquire comida e carinho; no PN3, ela obtém<br />
liberda<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria; nos PN5 e PN7, o açúcar adquire pureza, segun<strong>do</strong><br />
diferentes concepções <strong>de</strong> puro; já os PN2, PN4 e PN6 são programas <strong>de</strong> privação,<br />
pois no PN2 a gata é privada <strong>de</strong> casa e comida; no PN4, <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>; e no PN5, o açúcar per<strong>de</strong> a pureza);<br />
b) complexida<strong>de</strong> e hierarquia <strong>de</strong> programas: os programas po<strong>de</strong>m ser simples ou<br />
complexos, isto é, constituí<strong>do</strong>s por mais <strong>de</strong> um programa hierarquiza<strong>do</strong> (nesse caso<br />
diferencia-se o programa principal ou programa <strong>de</strong> base <strong>do</strong>s programas secundários<br />
ou <strong>de</strong> uso, pressupostos pelo programa <strong>de</strong> base. Po<strong>de</strong>-se dizer, por exemplo, que a<br />
purificação <strong>do</strong> açúcar é um programa <strong>de</strong> uso necessário à consecução <strong>do</strong> programa<br />
<strong>de</strong> base <strong>de</strong> “a<strong>do</strong>çar” ou ainda que, para Jona, os programas <strong>de</strong> Jasão são programas<br />
<strong>de</strong> uso que lhe permitião realizar o programa <strong>de</strong> base da obtenção <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r numa<br />
socieda<strong>de</strong> capitalista);<br />
c) valor investi<strong>do</strong> no objeto: os valores po<strong>de</strong>m ser modais, como o <strong>de</strong>ver, o querer,<br />
o po<strong>de</strong>r e o saber, que modalizam ou modificam a relação <strong>do</strong> sujeito com os<br />
valores e os fazeres, ou <strong>de</strong>scritivos (Os programas narrativos examina<strong>do</strong>s foram<br />
apresenta<strong>do</strong>s como programas narrativos com valores <strong>de</strong>scritivos, como casa,<br />
comida, liberda<strong>de</strong> ou pureza. Muitos <strong>de</strong>les, porém, quan<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>s com maior<br />
precisão, mostrarão seu caráter modal: o <strong>do</strong>no da gata leva-a a <strong>de</strong>ver- fazer, ou seja, a<br />
<strong>de</strong>ver não se misturar com os gatos <strong>de</strong> rua para adquirir os valores <strong>de</strong>scritivos <strong>de</strong><br />
casa, comida e conforto; o bangüê e a usina alteram as qualida<strong>de</strong>s modais <strong>do</strong><br />
açúcar, ao modificarem seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> a<strong>do</strong>çar. O exemplo mais claro, porém, <strong>de</strong><br />
programa narrativo com valores modais, é o <strong>de</strong> Joana, que transforma o querer e o<br />
saber <strong>de</strong> Jasão: “Te <strong>de</strong>i cada sinal <strong>do</strong> teu temperamento/Te <strong>de</strong>i matéria-prima para o<br />
teu tutano/E mesmo essa ambição que, neste momento/se volta contra mim, eu te<br />
<strong>de</strong>i, por engano/Fui eu, Jasão, você não se encontrou na rua”);<br />
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