BARROS, Diana Luz Pessoa de - Teoria Semiotica do - No-IP
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<strong>do</strong>s meus <strong>de</strong>z anos a mais uma sobre-vida<br />
pra completar a vida que você não tinha,<br />
é que estava <strong>de</strong>sperdiçan<strong>do</strong> o meu alento,<br />
estava vestin<strong>do</strong> um boneco <strong>de</strong> farinha<br />
Bons exemplos da correlação entre os programas <strong>de</strong> apropriação e <strong>de</strong><br />
espoliação ocorrem na literatura popular, pois quan<strong>do</strong> o sujeito “príncipe” se<br />
apropria <strong>do</strong> objeto “princesa”, o sujeito “dragão” é <strong>de</strong>le espolia<strong>do</strong>; quan<strong>do</strong> o<br />
Pequeno Polegar adquire a bota-<strong>de</strong>-sete-léguas, priva <strong>de</strong>la o Ogro, quan<strong>do</strong><br />
Joãozinho-<strong>do</strong>-pé-<strong>de</strong>-feijão se apo<strong>de</strong>ra da galinha-<strong>do</strong>s-ovos-<strong>de</strong>-ouro, o Gigante<br />
per<strong>de</strong> esse objeto-valor.<br />
Nas narrativas em que há <strong>do</strong>is sujeitos em busca <strong>de</strong> um mesmo objeto-valor,<br />
como acontece com o príncipe e o dragão, o Pequeno Polegar e o Ogro, Joãozinho<br />
e o Gigante, a ação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les é enfatizada e a <strong>do</strong> outro, ocultada. Opõem-se,<br />
assim, o sujeito <strong>do</strong> programa salienta<strong>do</strong>, o príncipe, o Pequeno Polegar ou<br />
Joãozinho, e o anti-sujeito <strong>do</strong> programa encoberto, o dragão, o Ogro ou o Gigante.<br />
Os critérios tipológicos <strong>de</strong> caracterização <strong>do</strong>s programas narrativos<br />
permitem <strong>de</strong>finir <strong>do</strong>is tipos fundamentais <strong>de</strong> programas, a competência e a perfórmance.<br />
critérios (a) (b) (c) (d)<br />
competência aquisição programa<br />
<strong>de</strong> uso<br />
perfórmance aquisição programa<br />
<strong>de</strong> base<br />
valor<br />
modal<br />
valor<br />
<strong>de</strong>scritivo<br />
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sujeito <strong>do</strong> fazer e sujeito <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s por<br />
atores diferentes<br />
sujeito <strong>do</strong> fazer e sujeito <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s<br />
pelo mesmo ator<br />
A competência é, por conseguinte, uma <strong>do</strong>ação <strong>de</strong> valores modais; a<br />
perfórmance, uma apropriação <strong>de</strong> valores <strong>de</strong>scritivos. Os exemplos apresenta<strong>do</strong>s<br />
mostram bem a diferença entre competência e perfórmance.<br />
Quan<strong>do</strong> Jasão, sujeito <strong>de</strong> esta<strong>do</strong>, recebe <strong>de</strong> Joana, sujeito <strong>do</strong> fazer, os valores<br />
modais <strong>do</strong> querer e <strong>do</strong> saber-compor, trata-se <strong>de</strong> um programa narrativo <strong>de</strong><br />
competência. Esse programa é um programa <strong>de</strong> uso ten<strong>do</strong> em vista a realização <strong>do</strong><br />
programa <strong>de</strong> base <strong>de</strong> Jasão, sua perfórmance <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> fama e fortuna. <strong>No</strong><br />
programa <strong>de</strong> perfórmance, Jasão, como sujeito <strong>do</strong> fazer, compõe e canta seu<br />
samba, para adquirir, enquanto sujeito <strong>de</strong> esta<strong>do</strong>, os valores a que aspira. Os <strong>do</strong>is<br />
programas representam-se como segue:<br />
PN <strong>de</strong> competência atores distintos aquisição valores modais<br />
F (dar “marcas <strong>de</strong> homem”) [S1 (Joana) S2 (Jasão) ∩ Ov (querer e saber compor)]<br />
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