BARROS, Diana Luz Pessoa de - Teoria Semiotica do - No-IP
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PROVOCAÇÃO<br />
SEDUÇÃO<br />
competência <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r-manipula<strong>do</strong>r<br />
SABER (imagem negativa<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>stinatário)<br />
SABER (imagem positiva<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>stinatário)<br />
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alteração na competência<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>stinatário<br />
DEVER-FAZER<br />
QUERER-FAZER<br />
INTIMIDAÇÃO PODER (valores negativos) DEVER-FAZER<br />
TENTAÇÃO PODER (valores positivos) QUERER-FAZER<br />
A manipulação só será bem-sucedida quan<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong> valores em que ela<br />
está assentada for compartilha<strong>do</strong> pelo manipula<strong>do</strong>r e pelo manipula<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong><br />
houver uma certa cumplicida<strong>de</strong> entre eles. <strong>No</strong> exemplo acima, Jasão po<strong>de</strong> escapar à<br />
manipulação, porque não mais lhe importa o conceito que <strong>de</strong>le tinham Joana e seus<br />
amigos. Mudaram-se seus valores, interessam-lhe agora as opiniões <strong>de</strong> Creonte.<br />
Não se <strong>de</strong>ixar manipular é recusar-se a participar <strong>do</strong> jogo <strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r, pela<br />
proposição <strong>de</strong> um outro sistema <strong>de</strong> valores. Só com valores diferentes o sujeito se<br />
safa da manipulação.<br />
Dos três percursos narrativos propostos, examinaram-se <strong>do</strong>is, o <strong>do</strong> sujeito e<br />
o <strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r-manipula<strong>do</strong>r. O terceiro percurso, o <strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r-julga<strong>do</strong>r,<br />
respon<strong>de</strong> pela sanção <strong>do</strong> sujeito. A sanção é a última fase da organização narrativa,<br />
necessária para encerrar o percurso <strong>do</strong> sujeito e correlata à manipulação. Organizase<br />
pelo enca<strong>de</strong>amento lógico <strong>de</strong> programas narrativos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is tipos: o <strong>de</strong> sanção<br />
cognitiva ou interpretação e o <strong>de</strong> sanção pragmática ou retribuição.<br />
Na interpretação, o <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r julga o sujeito, pela verificação <strong>de</strong> suas ações<br />
e <strong>do</strong>s valores com que se relaciona. Essa operação cognitiva <strong>de</strong> leitura, ou melhor,<br />
<strong>de</strong> reconhecimento <strong>do</strong> sujeito, consiste na interpretação veridictória <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s<br />
resultantes <strong>do</strong> fazer <strong>do</strong> sujeito. Os esta<strong>do</strong>s são, <strong>de</strong>ssa forma, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como<br />
verda<strong>de</strong>iros (que parecem e são) ou falsos (que não parecem e não são) ou mentirosos<br />
(que parecem, mas não são) ou secretos (que não parecem, mas são), e o <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r<br />
neles acredita ou <strong>de</strong>les duvida. Para assim interpretar, o <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r-julga<strong>do</strong>r verifica<br />
a conformida<strong>de</strong> ou não da conduta <strong>do</strong> sujeito com o sistema <strong>de</strong> valores que<br />
representa e com os valores <strong>do</strong> contrato inicial estabeleci<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>rmanipula<strong>do</strong>r.<br />
Cabe ao <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r-julga<strong>do</strong>r comprovar se o sujeito cumpriu o<br />
compromisso assumi<strong>do</strong> na manipulação. A interpretação faz-se, assim, em nome <strong>de</strong><br />
uma i<strong>de</strong>ologia, <strong>de</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> percurso narrativo realiza<strong>do</strong>.<br />
Na fala <strong>de</strong> Joana, em Gota d’água, o reconhecimento <strong>do</strong> sujeito ocorre sob a<br />
forma <strong>do</strong> <strong>de</strong>smascaramento: Jasão parecia cumpri<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s compromissos assumi<strong>do</strong>s<br />
com Joana, os filhos e os amigos, mas não o era. Joana o reconhece como um<br />
sujeito mentiroso, um “boneco <strong>de</strong> farinha”:<br />
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