BARROS, Diana Luz Pessoa de - Teoria Semiotica do - No-IP
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PN <strong>de</strong> perfórmance mesmo ator aquisição valores <strong>de</strong>scritivos<br />
F (compor sambas) [S1 (Jasão) S2 (Jasão) ∩ Ov (fama e fortuna)]<br />
A relação entre o programa <strong>de</strong> uso e o programa <strong>de</strong> base é clara: as<br />
“qualida<strong>de</strong>s” modais <strong>de</strong> querer e saber compor que Jasão recebe <strong>de</strong> Joana no<br />
programa <strong>de</strong> competência são condição para a realização <strong>do</strong> programa <strong>de</strong><br />
perfórmance <strong>de</strong> Jasão, <strong>de</strong> compor sambas.<br />
A fábula <strong>de</strong> Millôr, “O gato e a barata” (1975, p. 17), fornecerá mais alguns<br />
exemplos <strong>de</strong> programas narrativos.<br />
A baratinha velha subiu pelo pé <strong>do</strong> copo que, ainda com um pouco <strong>de</strong> vinho, tinha si<strong>do</strong><br />
larga<strong>do</strong> a um canto da cozinha, <strong>de</strong>sceu pela parte <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro e começou a lambiscar o vinho. Dada<br />
a pequena distância que nas baratas vai da boca ao cérebro, o álcool lhe subiu logo a este. Bêbada,<br />
a baratinha caiu <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> copo. Debateu-se, bebeu mais vinho, ficou mais tonta, <strong>de</strong>bateu-se<br />
mais, bebeu mais, tonteou mais e já quase morria quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>parou com o carão <strong>do</strong> gato<br />
<strong>do</strong>méstico que sorria <strong>de</strong> sua aflição, <strong>do</strong> alto <strong>do</strong> copo.<br />
— Gatinho, meu gatinho —, pediu ela — me salva, me salva. Me salva que assim que eu sair<br />
daqui eu <strong>de</strong>ixo você me engolir inteirinha, como você gosta. Me salva.<br />
— Você <strong>de</strong>ixa mesmo eu engolir você? — disse o gato.<br />
— Me saaaalva! — implorou a baratinha. — Eu prometo.<br />
O gato então virou o copo com uma pata, o liqui<strong>do</strong> escorreu e com ele a baratinha que, assim<br />
que se viu no chão, saiu corren<strong>do</strong> para o buraco mais perto, on<strong>de</strong> caiu na gargalhada.<br />
— Que é isso? — perguntou o gato. — Você não vai sair daí e cumprir sua promessa? Você disse<br />
que <strong>de</strong>ixaria eu comer você inteira.<br />
— Ah, ah, ah — riu então a barata, sem po<strong>de</strong>r se conter. — E você é tão imbecil a ponto <strong>de</strong><br />
acreditar na promessa <strong>de</strong> uma barata velha e bêbada?<br />
Moral: Às vezes a auto<strong>de</strong>preciação nos livra <strong>do</strong> pelotão.<br />
A barata propõe ao gato um acor<strong>do</strong>: que ele a salve, em troca <strong>de</strong> comida (ela<br />
própria). Com isso, ela leva o gato a querer salvá-la, a querer tirá-la <strong>do</strong> copo. Tem-se<br />
um programa <strong>de</strong> competência:<br />
PN <strong>de</strong> competência<br />
F (propor um acor<strong>do</strong>)<br />
atores distintos<br />
[S1 (barata) S2<br />
(gato)<br />
aquisição<br />
∩ 0v<br />
valores modais<br />
(querer tirar a barata<br />
<strong>do</strong> copo)<br />
O gato realiza a ação <strong>de</strong> tirar a barata <strong>do</strong> copo, cumprin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma seu<br />
programa <strong>de</strong> perfórmance, com o que espera obter comida.<br />
PN <strong>de</strong> perfórmance<br />
F (virar o copo)<br />
mesmo ator<br />
[S1 (gato) S2 (gato)<br />
aquisição<br />
∩ 0v<br />
valor <strong>de</strong>scritivo<br />
(comida)<br />
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