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BARROS, Diana Luz Pessoa de - Teoria Semiotica do - No-IP

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enquanto na Bela A<strong>do</strong>rmecida tu<strong>do</strong> é silêncio. Há cores e transparências, nas flores<br />

e caixão <strong>de</strong> vidro <strong>do</strong> texto da Branca <strong>de</strong> Neve, <strong>de</strong> forte figurativização cromática<br />

(Branca <strong>de</strong> Neve, maçãs vermelhas etc.) e ausência <strong>de</strong> cores na escuridão <strong>do</strong> castelo da<br />

Bela A<strong>do</strong>rmecida. <strong>No</strong> conto <strong>do</strong> Príncipe que vira sapo, acentuam-se os traços<br />

visuais e táteis que diferenciam a bela princesa <strong>do</strong> sapo “nojento”, frio e viscoso.<br />

Os percursos figurativos recobrem, como se sabe, percursos temáticos e<br />

percursos narrativos. A figura <strong>do</strong> beijo reveste, na Bela A<strong>do</strong>rmecida e na Branca <strong>de</strong><br />

Neve, o percurso temático <strong>de</strong> “<strong>do</strong>ação da vida” ou <strong>de</strong> “fazer renascer”, comum aos<br />

<strong>do</strong>is textos em que “o amor faz reviver”. Po<strong>de</strong>m-se ler neles também outros temas,<br />

tais como o da iniciação sexual ou da passagem da a<strong>do</strong>lescência à ida<strong>de</strong> adulta, na<br />

Bela A<strong>do</strong>rmecida, ou o da ascensão social, na Branca <strong>de</strong> Neve. Já em “O Príncipe<br />

que virou sapo”, o beijo recobre o tema da salvação ou da purificação: o amor<br />

salva. O Príncipe, torna<strong>do</strong> sapo como punição por seus “peca<strong>do</strong>s”, transforma-se<br />

<strong>de</strong> novo em príncipe, redimi<strong>do</strong> pelo beijo <strong>de</strong> amor.<br />

Os percursos temáticos e figurativos mantêm entre si relações diversas,<br />

como nos exemplos acima apresenta<strong>do</strong>s. As relações entre as leituras possíveis <strong>de</strong><br />

um texto e a coerência textual serão objeto <strong>de</strong> exame no próximo item.<br />

Coerência textual Os temas espalham-se pelo texto e são recobertos pelas<br />

figuras. A reiteração <strong>do</strong>s temas e a recorrência das figuras no discurso <strong>de</strong>nominamse<br />

isotopia. A isotopia assegura, graças à idéia <strong>de</strong> recorrência, a linha sintagmática<br />

<strong>do</strong> discurso e sua coerência semântica.<br />

Distinguem-se <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> isotopia, a isotopia temática e a isotopia<br />

figurativa. A isotopia temática <strong>de</strong>corre da repetição <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s semânticas<br />

abstratas, em um mesmo percurso temático. Há, <strong>de</strong>ssa forma, uma isotopia<br />

temática <strong>de</strong> “banho”, nos quadrinhos da Mafalda analisa<strong>do</strong>s, resultante da retomada<br />

<strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> “limpeza” ou <strong>de</strong> “purificação” em que se lava, on<strong>de</strong> se lava, ou na<br />

ação <strong>de</strong> lavar-se. Quan<strong>do</strong> se lê um texto, busca-se, em geral, o tema que costura os<br />

diferentes pedaços <strong>do</strong> texto, a isotopia temática em suma.<br />

A isotopia figurativa caracteriza-se pela redundância <strong>de</strong> traços figurativos,<br />

pela associação <strong>de</strong> figuras aparentadas. A recorrência <strong>de</strong> figuras atribui ao discurso<br />

uma imagem organizada e completa da realida<strong>de</strong>.<br />

A análise <strong>do</strong>s percursos ou linhas isotópicas faz-se pelo exame <strong>do</strong>s traços<br />

semânticos, abstratos e figurativos, que se repetem no discurso. Po<strong>de</strong>-se recorrer,<br />

assim, a princípios e méto<strong>do</strong>s da semântica estrutural que facilitem a <strong>de</strong>terminação<br />

<strong>do</strong>s traços reitera<strong>do</strong>s.<br />

Além da construção, com esses ou outros princípios, <strong>do</strong>s percursos<br />

temáticos e figurativos, é necessário examinar, na busca <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> texto, as<br />

relações vigentes entre as várias isotopias. Essas relações estabelecem-se entre as<br />

isotopias figurativas <strong>de</strong> um mesmo texto, cada uma <strong>de</strong>las pressupon<strong>do</strong> uma linha<br />

<strong>de</strong> leitura temática. Dessa forma, por meio das relações verticais entre isotopias<br />

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