Kellen Nogueira Vilhena - Biblioteca Digital de Teses e ...
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I INTRODUÇÃO<br />
Escrever sobre o passado <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> é dizer sobre nossas origens, nossos<br />
caminhos, nossos conhecimentos construídos e reconstruídos. Digo “nosso” porque, assim<br />
como fazemos parte <strong>de</strong>sse passado, ele faz parte <strong>de</strong> nós; e o faz ao circularmos pelas suas<br />
ruas, ao observarmos suas mudanças e como se <strong>de</strong>ram essas transformações. São tantas as<br />
cida<strong>de</strong>s!<br />
O passado interessa porque constitui nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. E foi assim, ao dar os meus<br />
primeiros passos na historiografia, que a escrita <strong>de</strong>ssa minha história começou. Mais do que<br />
possibilitar um olhar ampliado sobre nossa socieda<strong>de</strong>, a escrita da história revela caminhos<br />
trilhados. Refiro-me, aqui, aos meus próprios caminhos.<br />
Estudar sobre esta cida<strong>de</strong> e a sua história foi uma trilha iniciada em 2003, com meu<br />
trabalho <strong>de</strong> conclusão do curso <strong>de</strong> especialização em Lazer. Este trabalho teve como enfoque<br />
as práticas <strong>de</strong> lazer vivenciadas no Parque Municipal <strong>de</strong> Belo Horizonte em seus anos<br />
iniciais 1 . Ao estudar sobre o Parque, fui percebendo as intencionalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua construção, e<br />
também as múltiplas apropriações dos habitantes nesse espaço, assim como as<br />
intencionalida<strong>de</strong>s que perpassaram a construção <strong>de</strong>ssa cida<strong>de</strong>.<br />
Como moradora <strong>de</strong> Belo Horizonte, intrigava-me a veemência do discurso <strong>de</strong><br />
planejamento e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> da cida<strong>de</strong>, expressos em livros e propagandas, ressaltando-a<br />
como uma capital arrojada e inovadora para o seu tempo. Entretanto, ao estudá-la <strong>de</strong> forma<br />
mais sistemática e crítica, pu<strong>de</strong> perceber as ambigüida<strong>de</strong>s e conflitos que faziam parte <strong>de</strong>sse<br />
espetáculo da República. Tensões, interesses, subjetivida<strong>de</strong>s: se é belo o horizonte, sua<br />
constituição revelou muitas faces.<br />
Muitas po<strong>de</strong>m ser as formas <strong>de</strong> pensar sobre essa cida<strong>de</strong>: pensar sobre o presente,<br />
sobre o passado e sua história em diferentes épocas; sua configuração espacial, política,<br />
econômica, educacional, <strong>de</strong>ntre outras, e por diversas entradas.<br />
Em estudos voltados para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte, a educação representa um<br />
campo <strong>de</strong> notória produção. Ela tem mobilizado muitos pesquisadores a se embrenharem<br />
nesse campo sob variadas perspectivas, sendo a História da Educação uma <strong>de</strong>las. As pesquisas<br />
se concentram, em sua maioria, no contexto escolar. Segundo Diana Vidal & Luciano Faria<br />
1 Este trabalho foi também orientado pelo Prof. Dr. Tarcísio Mauro Vago, e, para além da monografia, se<br />
<strong>de</strong>sdobrou no artigo intitulado “Parque Municipal <strong>de</strong> Belo Horizonte: história e memória”, publicado na<br />
Revista Licere, v. 8, n. 2, <strong>de</strong>z. 2005.<br />
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