Kellen Nogueira Vilhena - Biblioteca Digital de Teses e ...

A história do esporte em Belo Horizonte e o Parque se entrecruzam várias vezes 59 .
Algumas modalidades tiveram nele o seu local de iniciação. A começar pelo ciclismo, que
teve uma vida curta, porém, bastante expressiva. Como vimos, ele contava com um clube
representativo, o Velo Club, e um pavilhão construído para que seus expectadores pudessem
acompanhar melhor as corridas de bicicleta, de velocípede e a pé.
Outra atividade esportiva desenvolvida no Parque foi o football. Em uma de suas
alamedas, foi realizado o primeiro “ensaio”, em 3 de maio de 1904, fato que mereceu
divulgação na imprensa local, como informa Octávio Penna (1997, p. 83). O futebol e o
Parque aparecem juntos em várias situações, entre elas, a criação da primeira agremiação de
futebol, o Sport Club Foot-ball, que ali realizava seus treinos e onde mais tarde foi construído
seu pavilhão e área de jogos, além da fundação de outro clube por um grupo de adolescentes,
o Atlético Mineiro Football Clube. No terreno do Parque, área correspondente ao quarteirão
do que é, hoje, um hipermercado, também foi construído, anos depois, o estádio do América,
que lá permaneceu por muito tempo.
Além de suas alamedas, no lago norte do Parque, em 1909, realizou-se a primeira
competição pública de natação (CVRD, 1992). E anos mais tarde, já na década de 20,
desenvolveu-se a prática do tênis, para o qual foi construída uma quadra e um rink de
patinação.
Mas além das relações do Parque com o surgimento e a consolidação de algumas
práticas esportivas em Belo Horizonte, relaciona-se a ele também, uma representação sobre
higiene que permeou toda a construção da Capital. Por ser um gigante verde em meio à urbs,
o Parque significava um espaço de natureza, de ar puro, um local que traduzia toda uma
preocupação higiênica da época, materializada na sua construção e explicitada pela
administração municipal, ao referir o Prefeito em seu Relatório, em 1911, ao “empenho de
garantir a seus habitantes dentro da própria cidade um grande e precioso laboratório natural de
oxygenio ao lado de agradáveis passeios matutinos e pela tarde.” (p. 17).
No Parque, também, se desenvolveu um hábito comum naquela época: o footing, que
tinha nas suas largas alamedas espaço propício para essa prática. À sombra das árvores,
mocinhas e rapazes circulavam para lá e para cá, num “intercâmbio silencioso dos olhares”,
diz Letícia Julião (1992, p. 100).
Mesmo após muitos desmembramentos – que o reduziram a um quarto da área original
– o Parque foi, especialmente nos anos iniciais, um espaço de lazer de referência na cidade,
59 Para maiores informações, ver RODRIGUES (2006).
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