Kellen Nogueira Vilhena - Biblioteca Digital de Teses e ...

das ações do poder público para fomentar tais práticas, demonstrando uma preocupação com a
melhoria das condições culturais dos habitantes.
No caso do Prado, a construção da linha de bonde vem referendar a preocupação do
poder público em promover tais práticas. Com horários específicos, de hora em hora, aos
domingos, saíam os bondes da esquina da Rua da Bahia com Afonso Pena até o local. Outra
forma de incentivo, segundo Rodrigues (2006), foi a redução do valor das passagens nos dias
de corrida, conseguida pela diretoria do Prado junto à Prefeitura.
Concomitante à prática do turfe, ou mesmo após o fim de suas atividades, o Prado
abrigou também exposições agropecuárias. Em algumas delas, além da exposição de animais,
eram programadas “inúmeras diversões, de diversas ordens” para atrair os visitantes. Uma
nota do Diário de Minas, de 1909 62 , informa que entre dois pavilhões de exposição foi
montado em “elegante galpão onde se exhibirá a famosa coleção de animais do capitão Rimi
(cobras, jacarés, habilíssimos macacos, etc.)”. E continua: próximo ao restaurante montou-se
também um “theatro dividido em três seções sendo uma para Cinematographo, outra para
Theatro Concerto e outra para um Theatro Variedades, onde cançonetistas, prestidigitadores e
illusionistas farão as delícias dos habitués”. São citadas ainda outras diversões como o “tiro
ao alvo, carrussel, balanços higyenicos importados dos Estados Unidos e cosmorama com
vistas nacionaes e extrangeiras”. Em outra nota, do Estado de Minas, de 1913 63 , as diversões
informadas incluiam, além do tiro ao alvo, “cavallinhos mechanicos, cinemas, corrida de
bycicletas”, um “match” entre Athletico e América e uma “batalha de confeti”.
A freqüência dos habitantes era incentivada pela imprensa. Como salienta Rodrigues
(2006), a presença de autoridades de vulto do meio político era noticiada como forma de dar
mais prestígio a esse evento, assim como a programação, os palpites, a freqüência do público,
enfim, “tudo o que pudesse servir para divulgar aquela modalidade esportiva” (p. 141).
Apesar de variada programação e do esforço da imprensa em divulgar tais eventos, a
indiferença do público e a fraca e medíocre concorrência nas corridas no Prado foi um fato
passível de ser comentado nos jornais. Contudo, esse meio de comunicação buscava dar
impulso a esses eventos na Capital, representando-os como “divertimento moderno,
agradável, útil”, amplamente praticado em “todo o mundo”:
É triste, é lastimável que a sociedade bellorizontina ainda não compreendesse a
necessidade que há de sanccionar com sua presença o esforço dessa meia dúzia de
homens de boa vontade, que, num momento de rara abnegação, resolveram dotar a
62 “Exposição Agro-Pecuaria – As Diversões”. Diário de Minas, 08-08-1909, p. 2.
63 “Exposição Industrial”. Estado de Minas, 13-11-1913, p. 1.
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