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o enigma da infância – educação e comunicação no ... - Unesp

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Ia perguntar como o homem fazia para introduzir a criança na barriga <strong>da</strong> mulher,<br />

porém, justo, a campainha anunciou o fim de recreio, e tudo ficou <strong>no</strong> ar. No ar, não, na<br />

sua cabeça. Então, se casasse com Rebeca, ela teria que abrir as pernas para que ele lhe<br />

enfiasse uma criança barriga adentro... Onde arranjaria uma criança tão pequena que<br />

pudesse entrar <strong>no</strong> corpo de uma moça sem fazer-lhe um estrago horrível? Depois, se o<br />

homem fazia a criança, por que to<strong>da</strong> a trapalha<strong>da</strong> de colocá-la na barriga <strong>da</strong> mulher,<br />

inchá-la durante tanto tempo e, afinal, fazê-la expelir, voltar à luz do dia, até mesmo<br />

quando o homem já morrera ou abandonara a mãe, tantas crianças sem pai an<strong>da</strong>vam pelo<br />

mundo?<br />

A i<strong>no</strong>cência do protagonista do conto faz rir o adulto conhecedor <strong>da</strong>s ver<strong>da</strong>des do<br />

mundo... Entretanto, pelo que sugere o autor, todo meni<strong>no</strong> é i<strong>no</strong>cente. Principalmente os<br />

meni<strong>no</strong>s do tempo <strong>da</strong> <strong>infância</strong> de Beltrão, subindo e descendo as ladeiras de sua Olin<strong>da</strong> natal.<br />

Mas o meni<strong>no</strong> continua crescendo...<br />

Uma tarde surpreendeu Lucin<strong>da</strong> sozinha num depósito de tábuas, <strong>no</strong> fundo do sítio em<br />

que morava. Ali se guar<strong>da</strong>vam móveis velhos, colchões, latas e vasos para o plantio de<br />

flores.<br />

─ O que é que há, meni<strong>no</strong>?<br />

Desembuchou: sabia que era um homem que fizera o meni<strong>no</strong> e botara na barriga dela.<br />

Mas devia ter doído muito. Afinal, como era isso?<br />

Lucin<strong>da</strong> sorriu deleita<strong>da</strong>:<br />

─ Venha aqui que eu lhe mostro! Feche a porta com a tramela!<br />

Era uma jovem mulata de pernas grossas e curtas, de peitos grandes e redondos. Arrastou<br />

o meni<strong>no</strong>, inibido, mas curioso, para a cama de colchão velho em que estava senta<strong>da</strong>.<br />

Levantou a saia, prendendo-a <strong>no</strong> cinto, tirou a calcinha de algodão. O meni<strong>no</strong> de pé,<br />

diante dela, quase não respirava. Passivo, deixou que ela lhe arriasse a calça e começasse<br />

a manusear-lhe a birunga, que se enrijecia como se fosse um dedo apontado. E sussurrava<br />

palavras e frases que ele não entendia:<br />

─ Franguinho de crista de galo, rolinha mindinha, quero te ensinar a gozar!<br />

Puxou-o para cima dela, descobriu-lhe a cabeça do membro, doeu um pouco, mas a<br />

curiosi<strong>da</strong>de foi maior, a vontade de saber como iria fazer um meni<strong>no</strong> para introduzir entre<br />

as pernas abertas <strong>da</strong> mulata, que, agora, roçava a bilola em suas partes. Enterrou-a nela de<br />

repente.<br />

─ Gosta, meni<strong>no</strong>, gosta?”<br />

O meni<strong>no</strong> foi jogado de supetão aos mistérios do corpo, sem explicações introdutórias<br />

nem pe<strong>da</strong>gogia preliminar. Dona Carminha perdera esta oportuni<strong>da</strong>de...<br />

É possível afirmar com pequena margem de erro que, mu<strong>da</strong>ndo-se o vocabulário e o<br />

ambiente, o conteúdo desta cena ain<strong>da</strong> é corrente na socie<strong>da</strong>de brasileira, não apenas <strong>no</strong><br />

Nordeste. Pesquisas recentes demonstram que boa parte dos meni<strong>no</strong>s tem sua iniciação sexual<br />

com mulheres <strong>da</strong> família (primas, tias) ou mesmo com emprega<strong>da</strong>s domésticas. Gilberto<br />

Freyre (2004) afirma que o papel <strong>da</strong> mucama na formação do homem brasileiro teve sua<br />

importância, sendo <strong>no</strong>rteador de comportamentos vigentes até a contemporanei<strong>da</strong>de.<br />

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