16.04.2013 Views

o enigma da infância – educação e comunicação no ... - Unesp

o enigma da infância – educação e comunicação no ... - Unesp

o enigma da infância – educação e comunicação no ... - Unesp

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O jornalismo viria a criar um <strong>no</strong>vo alento para a literatura, reformulando suas bases e<br />

ampliando o leque de suas finali<strong>da</strong>des. Porém, antes do século XIX, conforme aponta LB, o<br />

jornalista não passava de um escriba de aluguel, a encher páginas de assuntos fúteis e sem<br />

profundi<strong>da</strong>de, enfim, distantes <strong>da</strong> literatura. Com sua visão acura<strong>da</strong>, ele pondera sobre o fato<br />

de que os suportes mu<strong>da</strong>rão de formato com o desenrolar <strong>da</strong> história, e recomen<strong>da</strong> que “A<br />

literatura, que sobreviverá a despeito dos escritores que ain<strong>da</strong> não alcançaram essa reali<strong>da</strong>de<br />

social, tem que revisar seus conceitos, [bem] como seus métodos e técnicas de execução e<br />

transmissão do fenôme<strong>no</strong> literário” (Beltrão, 1972, p.63).<br />

No tempo a que se refere o autor, a qualquer prenúncio de mu<strong>da</strong>nça todos reagiam<br />

contra. Segundo Beltrão “foi preciso que um Cervantes mostrasse que seus exércitos e defesas<br />

não passavam de moinhos de vento e rebanhos de carneiros; que Victor Hugo desencadeasse a<br />

batalha de Hernani; que Byron e depois Lawrence escan<strong>da</strong>lizassem Edimburgo e a corte<br />

vitoriana para que a literatura se re<strong>no</strong>vasse” (idem, p.64).<br />

Hoje, passado algum tempo de Beltrão haver escrito tais recomen<strong>da</strong>ções, pode-se<br />

afirmar que, a despeito do amplo universo de tec<strong>no</strong>logias <strong>da</strong> informação e multiplici<strong>da</strong>de dos<br />

meios de <strong>comunicação</strong>, tanto o livro é um suporte satisfatório para um público crescente<br />

quanto a literatura continua sendo a guardiã de <strong>no</strong>ssa herança cultural.<br />

Quanto ao livro, seja por seu formato seja por seu custo, até <strong>no</strong>ssos dias, este<br />

permanece um difusor de oportuni<strong>da</strong>des como embalagem para as ideias e os <strong>no</strong>vos conceitos<br />

que leva pelo mundo; ou seja, ele como objeto continua armazenando um conjunto de<br />

conhecimentos sem que se possa nele modificar muita coisa com o passar do tempo. Inferindo<br />

com algo que afirma Umberto Eco 3 (que foi um correspondente de Beltrão), ain<strong>da</strong> que autores<br />

cogitem produzir uma obra aberta, todo livro é em si uma obra acaba<strong>da</strong>. Resta a seus leitores<br />

reescrevê-lo em outras obras ou ain<strong>da</strong> imaginar outro final para suas narrativas. No que tange<br />

essa possibili<strong>da</strong>de, a narrativa de LB atende muito bem a essa premissa, já que seus contos e<br />

romances são obras que incitam o leitor a tornar-se delas coautor e completá-las com seu<br />

próprio repertório de narrativas possíveis.<br />

A abor<strong>da</strong>gem que levantamos aqui enfatiza o lado simbólico, sem esquecer o real. O<br />

meni<strong>no</strong> representa não apenas os valores seculares <strong>da</strong> família cristã como ain<strong>da</strong> de<strong>no</strong>ta uma<br />

3 “Meu Deus, com um livro você não pode. Você é obrigado a aceitar as leis do desti<strong>no</strong>, e constatar que não pode<br />

mu<strong>da</strong>r o desti<strong>no</strong>. Um romance hipertextual e interativo <strong>no</strong>s permite praticar liber<strong>da</strong>de e criativi<strong>da</strong>de, e espero<br />

que tal tipo de ativi<strong>da</strong>de inventiva seja pratica<strong>da</strong> nas escolas do futuro. Mas Guerra e Paz escrita não <strong>no</strong>s<br />

confronta com possibili<strong>da</strong>des ilimita<strong>da</strong>s de Liber<strong>da</strong>de, mas com as leis severas <strong>da</strong> Necessi<strong>da</strong>de. Para sermos<br />

pessoas livres, precisamos também aprender esta lição sobre Vi<strong>da</strong> e Morte, e apenas os livros ain<strong>da</strong> <strong>no</strong>s<br />

presenteiam com esta sensatez.” (Conferência proferi<strong>da</strong> em 12 de <strong>no</strong>vembro de 1996)<br />

3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!