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O Verbo e a Carne

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O <strong>Verbo</strong> e a <strong>Carne</strong> – 2 Análises do Roustainguismo ______________________________________________ 11<br />

jamais entregues a si mesmos. Os "ministros de Deus", nesse caso, teriam falhado<br />

no cumprimento da sua missão. Como admitir isso?<br />

No trecho intermediário temos uma tentativa de justificação. A demora<br />

na fixação escrita das "palavras dos apóstolos" explicaria "de certo modo" as<br />

diferenças entre os textos evangélicos.<br />

Acontece que essas diferenças são explicadas muito mais simples e<br />

objetivamente por esta verificação das pesquisas históricas: os evangelistas<br />

escreveram seus relatos em épocas e locais diferentes, distanciados uns dos<br />

outros. Os "ministros de Deus" ignoravam esse fato?<br />

Quanto à transmissão oral das "palavras dos apóstolos" temos de<br />

considerar a existência das logia, anotações escritas de trechos de sermões de<br />

Jesus pelos apóstolos. O proto-evangelho de Marcos, também designado pela<br />

expressão alemã Urmarcus, é considerado como o ditado pessoal das lembranças<br />

do apóstolo Pedro ao seu discípulo Marcos, ainda na língua aramaica. Também<br />

esses fatos eram ignorados pelos "ministros de Deus"?<br />

O Evangelho de Marcos, na forma que conhecemos, foi escrito no ano 45,<br />

em grego, provavelmente em Roma. O de Mateus foi escrito entre os anos 55 e 60,<br />

provavelmente na Síria, em hebraico. O de Lucas entre os anos 70 e 80, em<br />

grego literário de fino lavor, possivelmente na Europa ou na Ásia. O de João nos<br />

anos 80, em grego e na cidade de Éfeso. Renan, no passado, e Charles Guignebert,<br />

no presente, são os dois grandes pesquisadores históricos, ambos franceses, que<br />

conseguiram melhor estabelecer esses dados. Ambos concordam em que os primeiros<br />

escritos que deram origem aos Evangelhos foram feitos muito cedo, ainda durante a<br />

vida de Jesus.<br />

Os dados históricos baseiam-se em documentos antigos longamente<br />

examinados e confrontados. Se os próprios evangelistas ditaram mediunicamente os<br />

trechos acima a Roustaing é estranho que se esquecessem dos motivos reais das<br />

diferenças de relatos entre os Evangelhos.<br />

A nova revelação, ou revelação da revelação não devia tratar desse<br />

grave problema de maneira mais precisa? Ou haverá algum motivo não revelado<br />

para que o assunto seja apenas aflorado nessa linguagem vaga, lançando sobre os<br />

textos evangélicos maior volume de dúvidas do que realmente existe?<br />

Temos ainda de considerar, no exame desses trechos do texto mediúnico de<br />

Os Quatro Evangelhos, o problema da linguagem dos espíritos, que é um dos pontos<br />

fundamentais da Doutrina para a identificação dos comunicantes. Como se verá nos<br />

trechos que ainda vamos transcrever, a linguagem da obra é sempre a mesma:<br />

vulgar, com evidente dificuldade de expressão em vários trechos, com aplicação de<br />

expressões impróprias como "dentro dos liames da humanidade” e ainda com utilização<br />

de certos jogos de palavras que revelam segunda intenção. É o que iremos<br />

vendo através de exemplos do próprio texto. E é bom lembrar que a tradução<br />

brasileira é considerada mais clara que o original.

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