O Verbo e a Carne
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O <strong>Verbo</strong> e a <strong>Carne</strong> – 2 Análises do Roustainguismo ______________________________________________ 22<br />
Por sinal que Kardec adverte, no artigo refutado por Roustaing, que não<br />
havia possibilidade de interpretações discordantes no tocante às questões morais do<br />
Evangelho. As "muitas moradas da Casa do Pai" constituem um problema de<br />
evolução moral. Como era preciso discordar de qualquer maneira, para que a "nova<br />
revelação" fizesse jus ao nome de "revelação da revelação", os "ministros de Deus"<br />
encontraram como sempre uma saída ilógica.<br />
X<br />
A METEMPSICOSE DE ROUSTAING<br />
Mas há um aspecto do problema da reencarnação em Roustaing que<br />
merece tratamento especial. Como que tentando reajustar o sistema evolutivo de<br />
Kardec, admiravelmente harmonioso, coerente e portanto lógico, os "ministros de<br />
Deus" estabelecem uma estranha ligação entre os mundos fluídicos e os mundos<br />
materiais. Conseguem isso através de um expediente ridículo, determinando o<br />
retrocesso evolutivo dos espíritos altamente evoluídos, que nunca precisaram de encarnarse.<br />
Esses espíritos angélicos repetem no roustainguismo a façanha de Lúcifer, o anjo<br />
rebelado, mas de maneira deprimente, sem nenhum sinal da grandeza satânica da<br />
revolta bíblica.<br />
Há três pontos que devemos considerar, no exame desse problema, com<br />
muita atenção:<br />
1 o .) Roustaing é um decalque de Kardec, mas em sentido caricato. Sua<br />
doutrina é uma caricatura da Doutrina Espírita com todas as deformações intencionais<br />
destinadas a ridicularizar o Espiritismo.<br />
2 o .) Roustaing – e com ele os "ministros de Deus" – não foi capaz de<br />
compreender o problema da evolução do espírito 22 em Kardec. O processo contínuo<br />
e seqüente da evolução foi quebrado pela teoria roustainguista, dando ocasião a um<br />
retrocesso que devolve a doutrina da reencarnação à metempsicose antiga.<br />
3 o .) O restabelecimento da metempsicose não sendo mais possível, diante<br />
da lúcida argumentação kardeciana a respeito e da natural evolução da cultura, os<br />
pseudo-teóricos da "revelação da revelação" foram cair mais uma vez na armadilha<br />
do ilogismo, oferecendo-nos uma doutrina monstruosa da queda dos anjos, que só<br />
não apavora porque provoca riso.<br />
Os leitores interessados no assunto não precisam perder muito tempo<br />
com a consulta aos quatro volumes da obra indigesta. É difícil agüentar essa leitura<br />
maçuda. Basta examinarem a teoria roustainguista da reencarnação no primeiro<br />
volume de "Os Quatro Evangelhos". É no exame dos capítulos de Mateus e Lucas<br />
sobre a genealogia de Jesus (vejam só!) que aparece, em meio do volume,<br />
páginas 300 e pouco da edição de 1942, a pergunta n.° 58 sobre as substâncias<br />
humanas. O livro foi tão mal feito que Guillon Ribeiro teve de reorganizá-lo para a<br />
edição brasileira. E assim mesmo não é fácil indicar os tópicos a serem<br />
examinados, em virtude da balbúrdia do texto. Experimente o leitor fazer uma citação<br />
dessas.<br />
A referida pergunta 58, por sua vez, bastaria para nos mostrar o estado<br />
mental do pobre Roustaing, que depois de uma doença grave, ao sair do hospital,<br />
foi logo envolvido pela falange mistificadora. Vamos dar na íntegra a pergunta:<br />
22 Denis, L. O problema do Ser do Destino e da Dor, cap. IX.