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O Verbo e a Carne

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O <strong>Verbo</strong> e a <strong>Carne</strong> – 2 Análises do Roustainguismo ______________________________________________ 57<br />

força é convir que já veio tarde. Do ponto de vista espírita, considerando os<br />

assuntos gerais da doutrina, tal qual o consideraram Kardec e seus legítimos<br />

colaboradores, no tocante à fé o que é fundamental se acha em O Livro dos<br />

Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Evangelho Segundo o Espiritismo, todos<br />

organizados por Allan Kardec, publicados anteriormente à obra de Roustaing e<br />

contendo inúmeras passagens que, direta ou indiretamente, são contrárias à tese<br />

fundamental do roustainguismo, isto é, a tese de que Jesus Cristo não foi homem.<br />

Ao contrário disso, os guias de Roustaing andaram apenas, na França<br />

como no Brasil, levando o autor da obra anticristã e os "aperfeiçoadores" a torcer e<br />

falsear os Evangelhos, a tirar ilógicas e falsas ilações de versículos destacados do<br />

Velho Testamento, no afã de encontrarem apoio à mais antiga das heresias surgidas<br />

no seio da Cristandade: a de que Jesus Cristo não foi homem.<br />

Triste missão a do Sr. Roustaing e de seus partidários!<br />

* * *<br />

A terceira e última parte da tese que estamos discutindo diz que<br />

Roustaing veio dar "Confirmação às fações anteriores".<br />

Como? Onde se apoia o Sr. Gomes Braga para externar um tal conceito?<br />

A primeira revelação, o Velho Testamento, contém as leis de Deus, que os<br />

Judeus chamam Torá 49 ; profetizava a vinda do Messias; batia-se contra os desvios<br />

sacerdotais e predizia acontecimentos futuros naquele conjunto de livros chamados<br />

Neblim; estes abarcavam tanto os grandes como os menores profetas. Outros livros<br />

históricos e poéticos o completavam 50 .<br />

49 O Pentateuco em hebraico Chumash: ”os cinco quintos do Torá” (chamishá chumshei Torá) ou humash, hamishá,<br />

humshé Torah ou simplesmente Torá (ensinamento) é o máximo da consagração dentro do pensamento judaico. Este<br />

compendio de leis que compreende os cinco primeiros livros bíblicos, contém 613 mandamentos que estruturam a<br />

constituição judaica. O Pentateuco, foi alvo de vários estudos, criticas e questionamentos por parte de muitos filósofos,<br />

cabalistas, talmudistas e etc.. No entanto, nenhum deles se empenhou em explicar a lei como Maimônides o fez em seus<br />

escritos e estudos durante sua vida. Este filósofo "reuniu" O Torá em seu Livro Os 613 mitsvot ("mandamentos") e os<br />

"dividiu" em preceitos, sendo 248 positivos e 365 negativos. A primeira divisão relaciona os preceitos ou leis que<br />

agradam a Deus, ou "farás" e os segundo que desagradam a Deus, ou "não farás". O Pentateuco, portanto, não é uma<br />

obra homogênea. Mas tampouco é, como alguns eruditos na tradição crítica alemã, uma falsificação deliberada de<br />

sacerdotes do pós-Exílio, procurando impingir suas crenças religiosas egoístas as pessoas, atribuindo-as a Moisés e<br />

sua época. Não devemos permitir que os preconceitos acadêmicos criados pela ideologia hegeliana, anticlericalismo,<br />

anti-semitismo e modelos intelectuais do século XIX distorçam nossa opinião sobre esses textos. Toda a evidência<br />

interna mostra que aqueles que anotaram e fundiram esses escritos, e os escribas que os compilaram quando o cânon<br />

foi reunido depois do Exílio, acreditavam plenamente na inspiração divina dos antigos textos e os transcreveram com<br />

veneração e seguindo padrões de exatidão mais elevados possíveis, incluindo muitas passagens que manifestamente<br />

não compreendiam (Johnson, P. História dos Judeus, p. 94 e ss.). Todas as leis que aparecem no Torá, desde a<br />

circuncisão ao lavar as mãos só possuíam um objetivo, o de diferenciar o povo hebreu – os eleitos – dos povos<br />

circunvizinhos. Gostaríamos apenas de salientar ao leitor que todas as vezes que utilizamos as frases dividiu, reuniu,<br />

elaborou, escreveu, explicou e etc., todo O Torá ou as Leis. Estamos apenas fazendo uma alusão ou tentando deixar as<br />

explicações mais accessíveis aos não afeiçoados a leituras do pensamento judaico. Não existe divisão, resumo nem<br />

muito menos pensamento que possa qualificar ou demonstrar a dimensão desse livro que possuí o sagrado em todos os<br />

pontos e em cada linha e como meta à explicação desse sagrado através de suas hierofanias. O Torá é uno, indivisível e<br />

absoluto, não existe Torá pela metade ou se considera O Torá como um todo ou não teremos Torá, mas fragmentos de<br />

leis que não nos serve para nada. O Torá está e sempre esteve presente no próprio alicerce do universo, são suas leis que<br />

estabelecem e harmonizam todo o cosmo, se não existisse O Torá não existiria a vida, a terra e o universo. Antes da<br />

existência escrita do Torá na terra, o Eterno o tinha em suas próprias mãos, organizando, estruturando e sacralizando o<br />

mundo. O Torá é na verdade o plano da Criação. Confiou ao povo está responsabilidade de restabelecer a harmonia que<br />

antes fora quebrado por Adão através de seu "pecado" (Unterman, A. Dicionário Judaico de Lendas e Tradições, p. 179).<br />

50 Os escritos e os profetas podem ser “divididos” da seguinte forma. Livros narrativos e históricos: Josué; Juizes; Reis e<br />

Samuel. Entre os profetas temos os “quatro” maiores ou principais e os doze menores, - o termo se refere a tempo de<br />

“pregação” e a extensão do livro e não a maior ou menor importância deste ou daquele profeta. Todos tiveram a sua

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