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O Verbo e a Carne

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O <strong>Verbo</strong> e a <strong>Carne</strong> – 2 Análises do Roustainguismo ______________________________________________ 7<br />

retomá-la; ninguém ma tira, sou eu que a deixo por mim mesmo", e "Tenho o<br />

poder de deixar a vida e tenho o poder de a retomar" 2 .<br />

A essas dúvidas se juntaram as referentes ao desaparecimento do corpo<br />

de Jesus do sepulcro "estando selada a pedra que lhe fechava a entrada à sua ressurreição<br />

e às suas aparições, bem como "à sua ascensão às regiões etéreas, com as<br />

suas palavras proféticas acerca do futuro do nosso planeta e dos acontecimentos que<br />

hão de preceder ao seu segundo advento..." E sentiu desde então "a necessidade<br />

de uma revelação nova, de uma Revelação da Revelação".<br />

Essa convicção o levou a isto:<br />

"Na véspera do dia 24 de junho de 1861 eu rogara a Deus, no<br />

sigilo de uma prece fervorosa, que permitisse ao espírito de<br />

João Batista manifestar-se por um médium que se achava em<br />

minha companhia e com o qual diariamente me consagrava a<br />

trabalhos assíduos. Pedira também a graça da manifestação<br />

do espírito de meu pai e do meu guia protetor. Essas<br />

manifestações se produziram espontaneamente, com surpresa<br />

do médium, a quem eu deixara ignorante da minha prece. O<br />

espírito do apóstolo Pedro manifestou-se a 30 de junho de<br />

modo inesperado tanto para mim quanto para o médium".<br />

Depois dessas manifestações Roustaing travou conhecimento com Madame<br />

Collignon. E com essa médium, oito dias mais tarde, começaria o trabalho de recepção<br />

de Os Quatro Evangelhos. Mateus, Marcos, Lucas e João, "assistidos pelos apóstolos",<br />

deram-lhe extensa comunicação sobre a missão que lhe cabia, de receber a Revelação.<br />

Em maio de 1865 todo o trabalho estava realizado, preparando "a unidade<br />

de crenças e a fraternidade humana pela efetivação das promessas do Mestre e, por<br />

fim, o Reino de Deus na Terra". Roustaing termina o prefácio com estas palavras: "Ficai<br />

certos, como eu, meus irmãos, de que eles atingirão a meta".<br />

Como se vê, Roustaing começa o prefácio oferecendo a obra ao exame e à<br />

meditação dos espíritas, mas conclui afirmando a sua validade. Estende-se em<br />

considerações sobre o valor da razão e das ciências, mas acaba ordenando "Ficai<br />

certos, como eu", o que exclui o raciocínio dos leitores.<br />

Refere seus estudos, seus trabalhos, suas pesquisas como elementos que<br />

devem provar o valor de suas conclusões, mas não vai além da referência, não<br />

oferece dados nem qualquer elemento para a avaliação do seu esforço. Tudo<br />

repousa apenas na sua palavra, no seu auto-julgamento. Entusiasmou-se com O<br />

Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, mas não percebeu nesses livros os<br />

seguintes pontos:<br />

1 º ) Que a origem e a natureza espirituais de Jesus são as mesmas de todos<br />

nós, o que o próprio Jesus explicou ao ensinar que somos todos filhos do mesmo pai<br />

que é Deus, "o meu pai e vosso pai", como disse à Madalena.<br />

2 º ) Que a posição espírita de Jesus em relação a Deus é a de um Espírito<br />

Superior, da qual decorrem os seus poderes e a sua autoridade, dos quais por sua vez<br />

decorre o sentido espírita das palavras que lhe pareceram inexplicáveis.<br />

3 º ) Que o desaparecimento do corpo de Jesus do túmulo não se deu com a<br />

pedra selada, mas depois do afastamento da pedra, e que a ressurreição, as aparições<br />

2 “Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomála.<br />

Este mandamento recebi de meu Pai”. (João; 10:18).

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