16.04.2013 Views

O Verbo e a Carne

O Verbo e a Carne

O Verbo e a Carne

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O <strong>Verbo</strong> e a <strong>Carne</strong> – 2 Análises do Roustainguismo ______________________________________________ 19<br />

doutrina é nova porque explica a encarnação fluídica do Messias. A verdade é que<br />

pouco importa essa mecânica imaginária.<br />

A palavra Docetismo vem do grego (doceta) que quer dizer: crença<br />

numa aparência. Vejamos a definição que lhe dá o Dictionnaire Encyclopédique<br />

Quillet: "Heresia do segundo século que consistia em pretender que o filho de Deus<br />

só tinha carne aparente, que só havia nascido, vivido e sofrido em aparência". O<br />

Roustainguismo, por acaso, diz outra coisa?<br />

Roustaing escuda-se num sofisma, afirmando: "O Espírito puro não pode<br />

aparecer em um mundo fluídico, imediatamente inferior às regiões dos fluídos puros<br />

que ele habita, senão por encarnação ou incorporação fluídica voluntária".<br />

A encarnação fluídica, é explicada com o exemplo das materializações<br />

de Katie King por Crookes, com uma diferença: a de que Jesus se serviu, sem que<br />

disso realmente necessitasse, da mediunidade de Maria. Assim, seu corpo aparente não<br />

era carnal como o nosso, mas de uma carne refinada. Só a chamada lógica do<br />

absurdo, que é uma espécie de antilógica, poderia tornar aceitável esse jogo de<br />

palavras. E com isso procura safar-se da acusação de docetismo que Kardec lhe fez<br />

acertadamente.<br />

O elemento fundamental desta doutrina incongruente é o preconceito sexual,<br />

a consideração das leis naturais da procriação como impuras. Teria Jesus esse<br />

preconceito? Ele, que se dizia filho do homem 18 , que condenava e contrariava os<br />

preceitos desumanos da lei de pureza de Israel, teria exigido um privilégio para a<br />

sua encarnação entre os homens? Ele que se colocou em tudo ao nosso lado,<br />

chegando a afirmar que tudo o que fazia nós também podemos fazer – e até mais<br />

do que ele fazia – teria se recusado a aceitar um nascimento natural? E o<br />

Espiritismo, que considera as leis naturais como leis de Deus, poderia endossar<br />

o docetismo sem cair em contradição com os seus princípios fundamentais?<br />

São estes os problemas que escaparam à perspicácia do advogado de<br />

Bordeaux, à vaidosa ingenuidade de Roustaing e à simplória teologia dos seus<br />

adeptos atuais – porque a revelação da revelação se proclama, entre outras<br />

coisas, "a iniciadora da fase teológica"... Mais uma vez o advogado e seus<br />

seguidores, acompanhados pelos "ministros de Deus” se esquecem de que o Livro<br />

dos Espíritos começa pela definição de Deus. Essa definição iniciou, muito antes<br />

de Roustaing, os estudos teológicos no Espiritismo.<br />

IX<br />

REENCARNAÇÃO E ESCALA DOS MUNDOS<br />

A encarnação é necessária? perguntou-me um neo-roustainguista em<br />

França, após uma palestra doutrinária. Se não é – respondi – porque estamos<br />

encarnados? O confrade, que atravessava a fase de deslumbramento provocada<br />

pela "nova revelação” quis demonstrar-me que, segundo Roustaing, há espíritos que<br />

nunca se encarnaram e não têm necessidade da vida corpórea. A tese se<br />

encontra no cap. 14 do Tomo IV, referente ao cap. 4. 0 do Evangelho de João. Os<br />

"ministros de Deus" estudam nesse tópico a evolução da essência espiritual e<br />

repetem mais uma vez, de maneira necessariamente mais confusa, o ensino dos<br />

Espíritos a Kardec:<br />

18 Mateus; 24:27, Lucas; 18:31 e Hebreus; 2:6.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!