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O Verbo e a Carne

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O <strong>Verbo</strong> e a <strong>Carne</strong> – 2 Análises do Roustainguismo ______________________________________________ 17<br />

Não podemos separar os princípios éticos do contexto de nenhum<br />

problema espiritual. Alega-se também que Jesus ensinava em parábolas. Mas as<br />

parábolas não são mentiras, são formas alegóricas, simbólicas de transmissão da<br />

Verdade. A própria Psicologia materialista constatou essa necessidade de sermos<br />

verdadeiros no ensino das coisas mais corriqueiras, condenando as explicações<br />

fantasiosas do nascimento das crianças. Se a lenda ingênua da cegonha é um mal<br />

por ser mentirosa, que dizer do mito absurdo do nascimento fingido de Jesus? O<br />

uso da alegoria é válido e prepara o advento da verdade, mas o uso do fingimento é<br />

próprio dos mistificadores, dos embusteiros, das criaturas falsas e não de espíritos<br />

esclarecidos.<br />

O mesmo se aplica ao episódio ridículo da permanência de Jesus menino<br />

em Jerusalém. O menino não era menino, mas um espírito adulto disfarçado em<br />

criança. Enganava os doutores da lei com suas respostas astuciosas e enganava o<br />

povo com suas fugas para o Céu, deixando as roupas em mãos dos anjos que o<br />

ajudavam na mistificação. E por que tudo isso? Porque em Jerusalém, justificam os<br />

"ministros de Deus” era difícil encontrar lugar para um menino permanecer três dias<br />

sozinho. Desculpa tola, como se vê, que só tem uma justificativa: uma mentira<br />

puxa a outra.<br />

Bem precário seria o poder divino se estivesse submetido à condição de<br />

recorrer aos ardis humanos, às espertezas comuns dos passadores de conto do<br />

vigário, para poder trazer a Verdade à Terra. Não são os mestres espirituais que se<br />

utilizam dessas formas grosseiras de mistificação, mas os espíritos mistificadores, os<br />

embusteiros vulgares. Justifica-se pois o ardor de João, o evangelista, e de Pedro, o<br />

apóstolo, ao repelirem a teoria do corpo fluídico, bem como o ardor de Paulo ao nos<br />

advertir contra as fábulas que desfiguram a Doutrina do Cristo 14 .<br />

A frase do último trecho acima citado: "Voltava para as regiões superiores<br />

onde pairava e paira ainda. .. " encerra uma malícia diabólica. Afirmando que Jesus retornava<br />

aos esplendores celestes, como espírito protetor e governador da Terra, ela<br />

pretende encobrir com essa declaração enfática o ridículo da esperteza do menino.<br />

Os corações ingênuos se comovem com essa falsa abnegação de um deus mitológico,<br />

obrigado a participar entre os homens de uma pantomima celeste, e o raciocínio<br />

enganado justifica o mito.<br />

VIII<br />

REPETIÇÕES E RETROCESSO<br />

Esgotada a leitura do primeiro volume de Os Quatro Evangelhos cai o leitor<br />

num verdadeiro redemoinho de repetições. Uma simples consulta aos índices de<br />

cada um dos quatro volumes da obra revela isso. As revelações e os comentários se<br />

repetem no ritmo de um moinho, sem cessar, lançando sempre o mesmo produto.<br />

Kardec advertiu, ao registrar o aparecimento da obra, que ela era demasiado vasta.<br />

Posteriormente assinalou, como vemos no próprio artigo de crítica publicado na<br />

Revista Espírita, número de junho de 1866 15 , e reproduzido para contestação no<br />

primeiro volume da obra de Roustaing, que esta obra nada mais fez do que avançar<br />

14 “O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico cristã, que há de renovar o<br />

mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do<br />

próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra,<br />

tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. E a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que<br />

se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance” (ESE; 1:9).<br />

15 Págs. 188 a 190 – Os Evangelhos Explicados.

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