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O Verbo e a Carne

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O <strong>Verbo</strong> e a <strong>Carne</strong> – 2 Análises do Roustainguismo ______________________________________________ 30<br />

"A medida que a revelação se adiantava minha alma se tia<br />

encontrando cada vez mais presa de admiração ao descobrir todas<br />

aquelas verdades e eu dizia: - Disponde da vossa criatura, ó meu<br />

Deus! Sou vosso, pertenço-vos; meu coração, meu tempo, minha<br />

razão, eu os consagro ao vosso serviço; serei feliz, oh! soberano<br />

Mestre, se, mau grado à minha fraqueza, puder tornar-me nas<br />

vossas mãos um instrumento útil que vos conquiste o amor, o<br />

respeito, o coração das vossas criaturas".<br />

Enquanto em Kardec o estado de espírito era de observação, em<br />

Roustaing era de fascinação. Kardec ponderava, analisava, experimentava. Mas<br />

Roustaing se entregava aos espíritos abdicando da própria razão. E não queria ser<br />

nada menos do que isto: o instrumento que conquistasse o amor e o respeito das<br />

criaturas para o Criador, como se Deus necessitasse da ajuda falível de um homem<br />

para fazer-se amado e respeitado. Podem alegar que ele se dirigia a Deus, mas as<br />

preces orgulhosas não são recebidas por Deus e sim pelos espíritos obsessores. Não<br />

foi Deus quem o ouviu e atendeu.<br />

Mas façamos um esquema cronológico do aparecimento do<br />

Roustainguismo para vermos a rapidez da sua eclosão:<br />

Janeiro de 1861 - Roustaing se considera restabelecido de grave moléstia e<br />

um médico lhe fala "da possibilidade das comunicações do mundo corpóreo com o<br />

mundo espiritual, da doutrina e da ciência espíritas como fruto dessa comunicação<br />

objetivando uma revelação geral".<br />

A seguir, Roustaing delibera informar-se do assunto e lê O Livro dos<br />

Espíritos e O Livro dos Médiuns. Depois, faz um passeio pela História e a Filosofia,<br />

mergulha na leitura dos livros religiosos, particularmente o Velho e o Novo<br />

Testamento. Defronta-se com dúvidas sobre a natureza do Cristo. Dedica-se a<br />

práticas mediúnicas com médiuns de Bordeaux. Chama a isso de "obra de experimentação<br />

e de observação”, imitando Kardec. É fácil verificar-se que não houve<br />

tempo para as exaustivas leituras e consultas que alega haver realizado.<br />

Junho de 1861, dia 24 - Roga a Deus a manifestação de João Batista e<br />

outros espíritos. Dia 30 - Recebe uma comunicação do apóstolo Pedro.<br />

Dezembro de 1861 - Atende a uma sugestão de conhecer Madame<br />

Collignon e lhe faz uma visita. Oito dias depois vai agradecer-lhe o acolhimento que<br />

lhe dispensara. Ao sair, a médium sente impulsos de escrever. A instâncias de<br />

Roustaing escreve: é uma mensagem de Mateus; Marcos, Lucas, João, assistidos pelos<br />

apóstolos, incumbindo-o da "revelação da revelação".<br />

(Temos assim, de janeiro a dezembro de 1861, um ano decorrido entre o<br />

interesse de Roustaing pelo assunto e a incumbência que os evangelistas e os<br />

apóstolos lhe dão. A obra se inicia imediatamente.)<br />

Maio de 1865 - Escreve Roustaing: "...todos os materiais estavam<br />

preparados, tanto a respeito dos Evangelhos como dos Mandamentos. O aviso de dar<br />

a conhecer aos homens, de publicar a obra da revelação, me foi espontânea e<br />

mediunicamente transmitido em termos precisos".<br />

(Cerca de três anos e meio durou o trabalho de recepção da obra, o que<br />

denuncia uma rapidez excessiva, mormente para um trabalho dessa natureza.)<br />

No total, o Roustainguismo levou apenas quatro anos e meio para se<br />

apresentar em seu texto completo. Durante a sua elaboração não houve nenhuma<br />

relação entre Kardec e Roustaing. O certo, em casos dessa natureza, é o discípulo

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