DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec
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O ponto que eu gostaria de realçar é que em todos esses países, há um sistema de<br />
prioridades. Os Estados Unidos possuem as suas. O Canadá também, assim como a<br />
França, o Reino Unido, o Japão, a Finlândia e a Irlanda. Todos eles definem o lugar e a<br />
dimensão de seus investimentos. No caso do Brasil, foi anunciada pelo governo federal em<br />
<strong>20</strong>04 a nova Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior. Essa política definiu<br />
quatro grandes áreas prioritárias de investimento (fármacos, semicondutores, software e<br />
bens de capital), além de três áreas portadoras de futuro (biotecnologia, nanotecnologia e<br />
biomassa/energia). Tivemos muita dificuldade para implementar essa decisão, pois no Brasil<br />
é muito difícil a definição de prioridades. Todos os que não são “prioridades” resistem, a<br />
começar da academia. Na hora da repartição das verbas, todos querem ter isonomia, ou<br />
seja, a mesma porção do orçamento do que os outros. O problema é que se não<br />
conseguirmos orientar nossos esforços para as áreas que são realmente prioritárias vamos<br />
novamente escorregar como escorregamos nos anos 80 e 90, com a subestimação da<br />
microeletrônica. Corremos o risco de patinarmos outra vez. E os resultados não serão nada<br />
agradáveis.<br />
Após a apresentação das cinco sínteses, relato a vocês as recomendações que<br />
fizemos ao Ministério do Desenvolvimento e ao Ministério da Ciência e Tecnologia.<br />
Primeiro, é necessário aprofundar o diálogo e os fóruns permanentes de<br />
conversação com as entidades empresariais. Esse é um ponto chave. O Estado brasileiro<br />
não tem competência para fazer essa discussão de forma autárquica e isoladamente. É<br />
fundamental que haja a participação da iniciativa privada na definição das políticas de<br />
inovação, inclusive para concretizar o que foi decidido no âmbito público.<br />
Segundo, todos os países prezam o investimento de longa duração em ciência,<br />
tecnologia e inovação. Fizemos a pesquisa em plena eleição presidencial na Irlanda e na<br />
Finlândia. A pergunta que repetimos foi: o que muda com o resultado eleitoral no que se<br />
refere às políticas de inovação? E a resposta foi invariável: nada ou, quando muito, quase<br />
nada. Os planos aprovados são de longo prazo e estão assentados em um consenso muito<br />
forte construído entre as elites desses países. Essa é uma grande diferença com o Brasil,<br />
que não insiste em produzir descontinuidades nas políticas de ciência, tecnologia e<br />
inovação. Essa maturidade institucional ainda permanece como exemplo a nos orientar. É<br />
certo que em algumas áreas conseguimos manter algumas políticas com certa durabilidade.<br />
Mas em geral, temos ainda um longo caminho a percorrer.<br />
O terceiro bloco de recomendações apontou para a criação de uma malha mundial<br />
de pesquisadores brasileiros. Não se trata de uma plataforma Lattes internacional, ou de<br />
trazer os pesquisadores brasileiros que estão no exterior de volta para o Brasil. Pelo<br />
contrário, o desejável é que eles continuem onde estão, pesquisadores em áreas públicas,<br />
em áreas privadas, em áreas de fronteira. Mas eles poderiam permanecer no exterior<br />
ligados a canais abertos dedicados a pensar o Brasil, de modo a sugerir tendências,<br />
debates, discussões e temas capazes de impulsionar a geração de conhecimento no país. A<br />
Índia e a China já implantam políticas de formação de redes nesse sentido e, acreditamos,<br />
pode ser uma excelente oportunidade para o Brasil.<br />
Por último, enfatizamos a necessidade de reforçar a coordenação das políticas no<br />
Brasil – que são sempre muito diversificadas. Esse é um problema que ocorre em todos os<br />
países pesquisados e, de forma aguda, aqui no Brasil. A boa coordenação aumenta a<br />
eficiência das políticas. E políticas mais eficientes dinamizam os centros produtores de<br />
conhecimento e melhoram a competitividade das empresas. Para estas, a construção de um<br />
sistema de apoio na fase préprojeto existe em todos os sete países. No Brasil, as empresas<br />
têm muitas dificuldades de apresentar às agências de financiamento e de fomento bons<br />
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