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DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec

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que há. A apropriabilidade é uma tentativa absolutamente legítima por parte dos agentes<br />

econômicos de reterem as suas vantagens, de impedirem a difusão. Esse efeito restritivo<br />

existe em princípio. Até que ponto? No caso da propriedade intelectual, existem vários<br />

estudos empíricos mostrando que ela nunca é absolutamente eficaz. Primeiro que ela é<br />

muito diferenciada setorialmente. Por exemplo, costuma­se dizer que o setor farmacêutico é<br />

o setor onde a propriedade intelectual é mais eficaz, porque tem conhecimentos codificados,<br />

e ela é importante para proteger produtos principalmente. Mesmo nessa indústria onde os<br />

agentes privilegiam a propriedade intelectual como meio de apropriação, a proteção nunca é<br />

100% eficaz. Não estou falando apenas do tempo, mas muitas vezes a eficácia real da<br />

patente é menor que o seu tempo de concessão. Ou porque existem imitações, ou porque<br />

as empresas contornam, porque elas fazem pequenas inovações incrementais, ou porque<br />

substituem um produto por outro, com isso o produto patenteado fica obsoleto. Não adianta<br />

nada ter patente de produto obsoleto, porque na prática você tem a exclusividade, mas<br />

aquilo não gera rendimentos. Essa restrição nunca é absolutamente eficaz. Obviamente a<br />

sociedade dosa os mecanismos de limitação aos direitos. Isso acontece em todos os<br />

sistemas de propriedade intelectual.<br />

O que eu queria dizer um pouco com relação às outras questões? Nos trabalhos<br />

empíricos que tentaram de algum modo medir os efeitos da propriedade intelectual, esses<br />

efeitos são muito variáveis e pequenos na maioria dos casos. Mas se existe um efeito<br />

importante da propriedade intelectual, que aparece em todos os trabalhos, é o papel não<br />

desprezível da propriedade intelectual na contratação de tecnologia. Nem sempre ela é<br />

importante para excluir, nem sempre ela é usada em várias estratégias, mas na<br />

comercialização de tecnologia ela é importante, ou em algum negócio que tenha tecnologia<br />

como objeto de preocupação. Isso se dá porque ela define o valor do objeto, ela serve como<br />

instrumento de medida. Eu não sei exatamente o que é essa tecnologia, mas aqui nós<br />

temos uma patente, então deve existir algo de concreto por baixo dessa forma jurídica. A<br />

propriedade intelectual atua como um instrumento de medição e definição do seu objeto,<br />

dos limites do seu objeto, e no processo de contratação de tecnologia, isso é importante<br />

para as atrativas das partes. Dizemos, no ambiente dos economistas, que a propriedade<br />

intelectual economiza os custos de transação, no caso, os custos de definir os objetos do<br />

contrato. Quando existe uma patente essa definição é mais fácil. Isso é um pouco do que foi<br />

colocado, você tem objetivação, ela é importante para sinalizar para os investidores.<br />

Inclusive há vários estudos que relacionam patentes com valor de mercado. É algo que os<br />

investidores apontam.<br />

Eu gostaria de fazer apenas mais uma observação. Nesses vários usos estratégicos<br />

da propriedade intelectual, a estratégia de licenciar é uma estratégia que tem lógica<br />

econômica. Ela não é nova forma de cooperação, ela é uma forma de aumentar lucro. Existe<br />

uma lógica econômica, e eu acho que não mudou fundamentalmente, as empresas não<br />

deixaram de concorrer, ou elas não estão abrindo suas tecnologias só porque estão<br />

licenciando amplamente algumas coisas. O que eu acho interessante do quadro conceitual<br />

do Teece, um pouco por conta dessa questão de que existe uma estratégia de difusão da<br />

tecnologia, que é interessante para que os inovadores ganhem com aquilo – a estratégia de<br />

restrição não é única – é que ele permite dar conta das diversas situações, não explica só<br />

num sentido. Você sempre tem que ter um trabalho empírico que comprove essas coisas.<br />

JOSÉ LAVAQUIAL<br />

Na nossa visão existe uma questão social muito importante de que participamos, que<br />

é gerar lucro. Existem várias formas de se olhar para questões sociais. Uma que é central é<br />

que precisamos gerar emprego, renda e lucro. É esse nosso mandato, dos nossos cotistas.<br />

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