Borralheira, ou o Sapatinho de Vidro (por Charles Perrault)
Borralheira, ou o Sapatinho de Vidro (por Charles Perrault)
Borralheira, ou o Sapatinho de Vidro (por Charles Perrault)
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
«Cala-te, parva, não po<strong>de</strong>s negar que és idiota», respon<strong>de</strong>ram-lhe as criadas.<br />
Entr<strong>ou</strong> a rainha, a quem a Cara <strong>de</strong> Pau repetiu que sabia fazer uns bolos com ovos,<br />
farinha e açúcar que <strong>de</strong>viam fazer bem ao príncipe.<br />
«Vai fazer os bolos», disse a rainha, mandando entregar à parva os bolos, os ovos e<br />
o açúcar.<br />
A parva saiu e volt<strong>ou</strong>, passado tempo, com três bolos. «Olhe, senhora rainha,<br />
cheiram muito bem».<br />
A rainha peg<strong>ou</strong> nos bolos e foi instar com o filho que os provasse.<br />
«Não posso, minha mãe».<br />
«Experimenta ao menos, filho!»<br />
O príncipe partiu um bolo e sent<strong>ou</strong>-se imediatamente na cama com os olhos<br />
espantados. «Quem tr<strong>ou</strong>xe estes bolos, minha mãe? Dentro vejo o anel, a corrente e o<br />
relógio que ofereci à <strong>de</strong>sconhecida.<br />
«Olha, filho, foi a Cara <strong>de</strong> Pau que tr<strong>ou</strong>xe os bolos».<br />
«Man<strong>de</strong>-a chamar».<br />
Apareceu a Cara <strong>de</strong> Pau.<br />
«Quem te <strong>de</strong>u estes bolos? Conheces quem os fez?»<br />
«Conheço».<br />
«Quem é? On<strong>de</strong> está?»<br />
«Aqui», respon<strong>de</strong>u a Cara <strong>de</strong> Pau dando um solavanco na vestidura e mostrando-se<br />
cheia <strong>de</strong> beleza e <strong>de</strong> formosura.<br />
O príncipe <strong>de</strong>u um grito e foi cair aos pés da princesa.<br />
No dia seguinte h<strong>ou</strong>ve gran<strong>de</strong>s festas; cas<strong>ou</strong> o príncipe com a princesa. H<strong>ou</strong>ve<br />
muitos filhos <strong>de</strong>ste casamento e todos foram muito felizes.<br />
Bendito e l<strong>ou</strong>vado, meu conto acabado. 1<br />
1 Transcrito, com ligeiros ajustamentos ortográficos e <strong>de</strong> pontuação, a partir <strong>de</strong> Francisco Xavier<br />
Ataí<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oliveira, Contos Tradicionais do Algarve. 2ª edição. Vol. 1. Lisboa: Vega.