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Borralheira, ou o Sapatinho de Vidro (por Charles Perrault)

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A <strong>Borralheira</strong> Corsa (variante corsa)<br />

Texto<br />

A <strong>Borralheira</strong> corsa, v<strong>ou</strong>-ta contar.<br />

Havia um homem e uma mulher que tinham uma filhinha e esse homem tinha uma<br />

amante e abandon<strong>ou</strong> a sua mulher e a filha.<br />

Então, um dia, a amante disse à menina: «Olha, tu queres viver comigo? Vais ver<br />

como eu v<strong>ou</strong> gostar <strong>de</strong> ti! V<strong>ou</strong> pôr-te laçarotes, v<strong>ou</strong> pôr-te perfumes, v<strong>ou</strong> vestir-te<br />

bem! Vais ver como serás feliz comigo; bem vês que a tua mãe nem sequer usa belos<br />

vestidos!»<br />

Ela respon<strong>de</strong>u: «Sabes, eu est<strong>ou</strong> bem com a minha mãe».<br />

A <strong>ou</strong>tra disse: «Mas não! Olha como o teu vestido está velho, como estás rasgada!<br />

Sabes que mais? Mata-a, a tua mãe!»<br />

Ela pergunt<strong>ou</strong>: «E como é que a mato?»<br />

A <strong>ou</strong>tra disse: «Bem vês, pe<strong>de</strong>s-lhe que te escolha uns belos figos no baú, no baú<br />

há belos figos; e quando ela estiver a escolher os figos, tu <strong>de</strong>ixas cair a tampa e mata-<br />

la».<br />

Então, enquanto a mãe escolhia os figos, ela <strong>de</strong>ix<strong>ou</strong> cair a tampa e mat<strong>ou</strong>-a. E foi<br />

pelo meio! Cortada em duas! Então, a parte <strong>de</strong> cima torn<strong>ou</strong>-se uma santa e a <strong>de</strong> baixo<br />

uma vaca! E então, <strong>de</strong>pois, ela já não tinha mãe e a madrasta tom<strong>ou</strong>-a consigo. Em<br />

vez <strong>de</strong> lhe comprar belos vestidos, batia-lhe e fazia-a trabalhar. A pequena tinha <strong>de</strong>z<br />

anos. Ia à fonte, acartava água, lavava a r<strong>ou</strong>pa, enquanto as <strong>ou</strong>tras… enfim! Ela tinha<br />

as suas próprias filhas, que eram bem tratadas.<br />

Então, um dia a madrasta disse: «Bem, <strong>de</strong> castigo irás encher o cesto à fonte e, se<br />

não o tr<strong>ou</strong>xeres, apanhas».<br />

A mocinha peg<strong>ou</strong> no cesto e lev<strong>ou</strong>-o à fonte e meteu-o sob o fio <strong>de</strong> água,<br />

esperando que enchesse. E chorava, chorava! Então chega essa velhota, essa santa,<br />

que diz: «Porque choras?»<br />

Ela respon<strong>de</strong>: «A minha madrasta mand<strong>ou</strong>-me encher este cesto, mas ele não se<br />

enche».<br />

A <strong>ou</strong>tra respon<strong>de</strong>: «É claro que o cesto não po<strong>de</strong> encher, dado que tem buracos.<br />

Bem, penteia-me e arranja-me o cabelo, tira-me o que tenho na cabeça; tenho mesmo<br />

a impressão <strong>de</strong> ter piolhos. Aceitas pentear-me?»

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