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Borralheira, ou o Sapatinho de Vidro (por Charles Perrault)

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Aschenputtel (pelos Irmãos Grimm)<br />

Texto<br />

A mulher <strong>de</strong> um rico homem fic<strong>ou</strong> doente e, sentindo que o fim estava próximo,<br />

cham<strong>ou</strong> a sua única filha à beira da cama e disse-lhe: «Minha querida, sê boa e<br />

piedosa, que o bom Deus ficará sempre do teu lado e eu não te per<strong>de</strong>rei <strong>de</strong> vista lá do<br />

céu e estarei sempre perto <strong>de</strong> ti». Logo a seguir, fech<strong>ou</strong> os olhos e partiu. A menina<br />

pass<strong>ou</strong> a ir todos os dias à campa da mãe e todos os dias chorava e era boa e piedosa.<br />

Quando cheg<strong>ou</strong> o Inverno, a neve esten<strong>de</strong>u o seu lençol branco sobre a campa e,<br />

quando o sol da Primavera a volt<strong>ou</strong> a <strong>de</strong>sencobrir, o homem cas<strong>ou</strong>-se com <strong>ou</strong>tra<br />

mulher.<br />

Esta mulher tinha trazido consigo duas filhas que tinham feições alvas e bonitas,<br />

mas corações negros e vis. Foram tempos difíceis para a pobre enteada. «Mas será<br />

que esta gansa tola também tem <strong>de</strong> se sentar connosco à mesa?», diziam elas. «Quem<br />

quer pão, que faça <strong>por</strong> ganhá-lo: fora daqui com a servente <strong>de</strong> cozinha!» Ficaram-lhe<br />

com as r<strong>ou</strong>pas mais bonitas, vestiram-lhe uma velha bata cinzenta e <strong>de</strong>ram-lhe socas<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. «Olhem só para a princesa altiva, tão limpinha que ela está!» exclamaram<br />

elas, rindo, e levaram-na para a cozinha. Ela tinha que trabalhar duramente <strong>de</strong> manhã<br />

à noite, levantar-se antes do nascer do dia, carregar água, acen<strong>de</strong>r o fogo, cozinhar e<br />

lavar. Como se não bastasse, as irmãs pregavam-lhe as piores partidas, troçavam <strong>de</strong>la<br />

e atiravam ervilhas e lentilhas para as cinzas para que ela tivesse <strong>de</strong> se pôr <strong>ou</strong>tra vez a<br />

separá-las. À noite, morta <strong>de</strong> cansaço, não tinha cama on<strong>de</strong> dormir e não lhe restava<br />

senão <strong>de</strong>itar-se junto à lareira, sobre as cinzas. E como andava <strong>por</strong> isso sempre suja e<br />

cheia <strong>de</strong> pó, as <strong>ou</strong>tras passaram a chamar-lhe <strong>Borralheira</strong>.<br />

Aconteceu uma vez que o pai queria ir à feira e pergunt<strong>ou</strong> às duas enteadas o que<br />

havia <strong>de</strong> lhes trazer <strong>de</strong> lá. «Belas r<strong>ou</strong>pas», disse uma. «Pérolas e pedras preciosas»,<br />

disse a <strong>ou</strong>tra. «Então e tu, <strong>Borralheira</strong>, pergunt<strong>ou</strong> ele, o que queres que te traga?».<br />

«Pai, o primeiro ramo que lhe acertar no chapéu a caminho <strong>de</strong> casa, arranque-o e<br />

traga-mo». E assim ele compr<strong>ou</strong> belas r<strong>ou</strong>pas, pérolas e pedras preciosas para as<br />

enteadas e, no caminho <strong>de</strong> regresso a casa, ao passar <strong>por</strong> um arbusto ver<strong>de</strong>, um ramo<br />

<strong>de</strong> avelaneira acert<strong>ou</strong>-lhe na cabeça e fez-lhe cair o chapéu. Ele arranc<strong>ou</strong> o ramo e<br />

lev<strong>ou</strong>-o consigo. Ao chegar a casa, <strong>de</strong>u às enteadas o que elas lhe tinham pedido e a<br />

<strong>Borralheira</strong> o ramo <strong>de</strong> avelaneira. <strong>Borralheira</strong> agra<strong>de</strong>ceu-lhe, correu para a campa da

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