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Borralheira, ou o Sapatinho de Vidro (por Charles Perrault)

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momento cheg<strong>ou</strong> a madrinha, que, dando um golpe <strong>de</strong> varinha nas r<strong>ou</strong>pas da <strong>Borralheira</strong>, fê-<br />

las ficar ainda mais magníficas que todas as anteriores.<br />

Então as duas irmãs reconheceram nela a belda<strong>de</strong> que haviam visto no baile. Deitaram-se-<br />

lhe aos pés a pedir perdão <strong>por</strong> todos os maus-tratos que lhe haviam infligido. A <strong>Borralheira</strong><br />

levant<strong>ou</strong>-as e disse-lhes, beijando-as, que lhes perdoava <strong>de</strong> bom grado e que lhes pedia que<br />

gostassem sempre <strong>de</strong>la. Levaram-na ao príncipe vestida tal como estava. Ele ach<strong>ou</strong>-a ainda<br />

mais bela que antes e <strong>de</strong>spos<strong>ou</strong>-a p<strong>ou</strong>cos dias <strong>de</strong>pois. A <strong>Borralheira</strong>, que era tão boa quanto<br />

bela, fez as irmãs virem viver para o palácio e cas<strong>ou</strong>-as no próprio dia com dois gran<strong>de</strong>s<br />

senhores da corte.<br />

MORALIDADE:<br />

A beleza é para o sexo fraco um raro tes<strong>ou</strong>ro, que nunca nos cansamos <strong>de</strong> admirar; mas<br />

aquilo a que se chama graciosida<strong>de</strong> é sem preço e é bem mais valioso. Foi isto que a madrinha<br />

conce<strong>de</strong>u à <strong>Borralheira</strong> ao educá-la e instrui-la, tanto e tão bem que <strong>de</strong>la fez uma rainha.<br />

Belas, este dom vale mais do que estar-se bem penteada; para se pren<strong>de</strong>r um coração e<br />

conquistá-lo, a graciosida<strong>de</strong> é o verda<strong>de</strong>iro dom das fadas: sem ela nada se po<strong>de</strong>, com ela tudo<br />

se consegue.<br />

OUTRA MORALIDADE:<br />

É sem dúvida uma gran<strong>de</strong> vantagem ter espírito e coragem, uma boa nascença e bom<br />

senso, assim como <strong>ou</strong>tros talentos semelhantes, <strong>de</strong> que se recebe do Céu uma quota-parte;<br />

mas, tendo-se embora tais talentos, não conseguirá fazê-los valer para obter sucesso na vida<br />

quem não tiver padrinhos <strong>ou</strong> madrinhas. *<br />

* Traduzido do original francês publicado na recolha intitulada Histoires <strong>ou</strong> contes du temps passé, Avec <strong>de</strong>s<br />

moralités (1ª edição: Paris, 1697).

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